COMO SERIA MARAVILHOSO SE NOSSA POLICIA FOSSE IGUAL A DA NOVELA

Já pensaram se a polícia na vida real tivesse a eficiência das forças da lei retratadas nas novelas? Não por acaso, a produção de novelas mantêm a tradição de seus congêneres dos tempos nos quais nem se sonhava com a televisão. As telenovelas, perseverando no caminho de seus antecessores que contavam histórias ao gosto popular através de capítulos (via mídia impressa), buscam refletir os sentimentos mais evidentes do povo. E, nos dias em curso, os corações e mentes da população irmanam-se no temor frente ao banditismo sem freios e no sonho por uma polícia capaz de fazer frente às quadrilhas de todo o tipo. Aí está a fórmula, simples e direta, do sucesso da delgada Helô, tornada protagonista da novela global das nove por pura pressão da audiência. Inteligência, coragem, apuro técnico, ética, boa pontaria – e, de quebra, beleza física e simpatia –, aí está a fórmula ideal, numa alquimia sem segredos. Esta é a pedra filosofal sonhada pelos brasileiros e, muito especialmente, pelos baianos para que, num toque de mágica, viesse a transformar as engrenagens enferrujadas de nossas polícias no mecanismo de ouro que (em Salve Jorge, e apenas lá) trituram dragões e dragoas da maldade na terra do Sol. Oxalá, em casos como esse, a vida imitasse a teledramaturgia! Não se discute a inteligência, coragem, e até mesmo a ética do grosso de nossos efetivos policiais – em sua maioria, os integrantes de nossas polícias têm esses atributos. Apuro técnico é algo a se discutir, mas em termos de pontaria a coisa não está nada boa. E beleza não é o caso, pois não estamos falando em passarelas. O fato é que, malgrado o esforço verdadeiro e louvável dos efetivos policiais, a polícia de verdade, ao contrário das novelas, continua perdendo de goleada para os bandidos. Organizados ou não, os meliantes seguem dando as cartas. A Bahia é apenas mais um exemplo negativo num Brasil rendido, de mãos para o alto. O que mais fazer senão aplaudir o sucesso policial exportado até para a Turquia? Sonhar é essencial. Pena que mesmo sonhado junto (por milhões de brasileiros) esse sonho, ao contrário da poesia, não está virando realidade.