Em termos numéricos não há como não se chocar com os valores repassados para a Câmara de Vereadores neste início de legislatura. A se confirmar o trânsito de algo como mais de R$ 3 milhões em apenas quatro meses, a coisa é muito preocupante. Impressiona a extensão de dinheiro repassado para um poder cujo espaço físico se limita a uma “invasão”, considerando o fato do prédio da Câmara pertencer a Ficc, e as atividades fundamentais se restringirem às iniciativas de 21 integrantes. Além da incompreensibilidade do quanto se gasta com tão pouco, o sentimento de cidadania se sente profundamente incomodado ao se recordar que, há poucos anos, esses mesmos valores (ou menores até) se constituíram no cenário de um enorme escândalo, de repercussão nacional, exatamente por conta de uma generosa fatia de recursos que teriam sido desviados, através de empréstimos consignados e contratações de empresas irregulares. Antes de nos perguntarmos dos resultados práticos dos inquéritos sobre as denuncias que resultaram no afastamento de 100% dos vereadores de então, é necessário indagar se o afamado duodécimo repassado à Câmara foi ampliado, e em quanto, tendo como base o aumento de arrecadação e a ampliação das vagas. Quanto mais recursos arrecada a Câmara, mais ela gasta com supérfluos. Segundo os céticos, os vereadores são hábeis em ajustes formais para legalizar a apropriação da gordura monetária advinda do duodécimo. E, noves fora muita coisa, essa contabilidade ainda prima pela obesidade mórbida e o Poder Legislativo parece ter ampliado o seu apetite, com o aumento dos seus membros. Não seria de bom alvitre fazer-se uma rechecagem nas contas anteriores, comparando os gastos e os dispêndios atuais, para verificar-se, ou desvencilhar-se da minha suspeita de que apenas mudaram os caranguejos e a lama não?
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