A gravidez
precoce e indesejada é um fato em Itabuna. Nos Postos de Saúde e nas Maternidades,
as adolescentes grávidas que recorrem às consultas são cada vez mais
frequentes. Existem vários casos de adolescentes que deram à luz através de
cesarianas, porque os seus corpos ainda estão em formação. Tenho uma amiga
enfermeira na Maternidade Ester Gomes, que testemunha situações complicadas na
vida das adolescentes grávidas. “Muitas delas chegam aqui sem saber se estão
grávidas e quando descobrem só pensam em fazer aborto, para que os pais não
descubram. Outras adolescentes, dos 14 aos 18 anos, nem sequer sabem da
importância do preservativo”, revelou. “É um caso muito sério, porque são
crianças que não vivem a sua infância como deve ser, e chegam aqui com o
pensamento negativo de abortar, porque dão conta que são crianças e não têm
condições de sustentar o filho”, afirmou a enfermeira, que me pediu para não
revelar sua identidade. Quase todas as adolescentes dizem que trabalho é tarefa
para os homens que as engravidaram e a elas cabe a continuação dos seus
estudos. Mas a realidade é diferente e toma dimensões de tragédia. A adolescência é a etapa ouro do ser
humano e na adolescência as meninas começam a desenvolver-se corporalmente e a
descobrir a sua sexualidade. Elas começam a sentir-se adultas e querem
descobrir tudo o que os adultos fazem. Está provado mundialmente, que as
adolescentes engravidam sem saber como e quando. Itabuna não foge à regra e é
cada vez mais precoce o início das relações sexuais e, ao mesmo tempo, a
gravidez na adolescência. Não há um estudo específico da percentagem da
gravidez precoce na sociedade, mas posso garantir que os casos são
assustadores, pois basta dar uma andadinha na periferia, para perceber o quanto
este problema é crônico. A falta de educação sexual nas famílias e nas escolas
é uma das causas da gravidez precoce e do alto índice de casos de Doenças
Sexualmente Transmissíveis e Aids. Os adolescentes fazem sexo sem proteção e
isso é muito preocupante. Muitas adolescentes escondem a gravidez, saem de
casa, pensam em abortar, abandonam escola, perdem os amigos, criam o sindrome
de isolamento, que também, acarreta outros vícios como o álcool, prostituição,
depressão e ansiedade. Existe pouca informação na transmissão de valores entre
pais e filhos. A informação sobre a sexualidade deve começar na família. Falar da importância do uso do
contraceptivo aos filhos é fundamental, porque quando uma criança não é
informada pensa que já sabe tudo. A
gravidez na adolescência é uma realidade cada vez mais presente. A adolescente
e o seu filho são particularmente vulneráveis aos riscos inerentes à gravidez e
maternidade, devido à especificidade das alterações que ocorrem nesta fase
etária. As igrejas devem promover
aconselhamentos e prestar maior atenção ao problema da gravidez precoce em seus
respectivos bairros. A educação sexual, como disciplina escolar, também pode
ajudar muitos jovens a obter maior e melhor informação. A escola tem um papel
fundamental porque deve ensinar o adolescente a conhecer o seu corpo. Os
programas de educação sexual transmitidos nas escolas desempenham um papel
insubstituível, porque permitem o diálogo e a circulação de informação sobre a
sexualidade, sem preconceitos, superando todos os tabus. Sugerimos aos encarregados de
educação a conversarem com os adolescentes. Fazerem perguntas, falarem sobre o
uso do contraceptivo. É importante que os jovens falem e sejam ouvidos. Gravidez
na adolescência é sempre uma situação que motiva angústias e incertezas.
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