Josimar é um garoto de uma família de quatro filhos.
Adolescente, aborrecente, nem triste nem alegre. Mas seu temperamento piorou a
olhos vistos. Foi ficando entristecido, introvertido, metido consigo mesmo.
Ninguém em casa observou nada. Não lhes enxergaram nos olhos os sentimentos
ocultos. Pediu para sair da escola. Os pais fizeram uma pausa para saber o que
estava acontecendo. Ele se recusou a contar. O avô foi à escola e descobriu.
Dois alunos mais velhos o perseguiam, humilhavam, prometiam bater-lhe. Decidiu
levar o neto para sua casa. E Josimar abriu seu coração. A ideia de vingança
dominava seus desejos. Planejava feri-los. Uma tarde de sombras descera em sua
alma. Sofrera enormes injustiças. O avô consolou-o e contou a história de dois
lobos que existiam dentro dele. “Um deles é bom e não magoa ninguém. Só luta
quando é justo na defesa dos direitos e na medida certa. Mas o outro lobo é
cheio de raiva, briga, insulta, agride”. E o avô concluiu: – Às vezes, é
difícil conviver com esses dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu
espírito. O garoto perguntou um tanto curioso: – Qual dos dois vence, vovô? E o
avô respondeu: – aquele que eu alimento mais frequentemente dentro de mim”. A
diretora foi rigorosa. Apurou os fatos. Os garotos perseguidores já tinham
outros antecedentes. Os pais deles concordaram que saíssem da escola. O relógio
do tempo não para. O Josimar tornou-se bom estudante; hoje estuda Direito. O
lobo bom venceu.
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