A maioria dos bancos está fechada desde
terça-feira, por conta da greve dos vigilantes por tempo indeterminado. A
categoria reivindica o adicional de periculosidade e, até ontem, não tem avanço
nenhum nas negociações com o sindicato patronal. Às 14 horas desta
quinta-feira, uma audiência será realizada no Tribunal Regional do Trabalho da
5ª Região (TRT5-BA) com o objetivo de tentar a conciliação entre os vigilantes
bancários em greve e o patronato. A sessão ocorrerá na Seção de Dissídios
Coletivos, na Sala de Sessões do Tribunal Pleno, sede do TRT5, em Nazaré. Caso
não haja acordo, um julgamento será marcado. Enquanto isto, alguns
bancos privados abriram suas portas, com vigilantes sem fardas, o que para o
Sindicato dos Vigilantes do Estado da Bahia (Sindvigilantes) é considerada uma
desobediência à lei, que prevê que os bancos devam funcionar com profissionais
de segurança privada devidamente fardados. É fim de mês, época de pagamento de
aposentados e servidores públicos. E muitas destas pessoas não tinham
conhecimento da greve dos vigilantes, causando transtornos quando chegaram aos
bancos, principalmente os públicos, como o Banco do Brasil, somente funcionando
os caixas eletrônicos. Já a Caixa Econômica Federal, a maioria das agências,
geralmente cercada, fechou os portões, para desespero dos clientes. Foi o que
aconteceu com a funcionária pública aposentada Marilda Neves Bispo, que ficou
desolada, quando chegou à Caixa Econômica da Vasco da Gama e viu os portões da
grade ao redor do estabelecimento lacrados. “Não sabia desta greve e vim para
receber minha aposentadoria. Agora, o que vou fazer, meu Deus? Estou com
problema no cartão, só posso receber no caixa mesmo”, lamentou. No Banco do
Brasil, também da Vasco da Gama, várias pessoas se irritaram ao saber que não
poderiam ser atendidas pelos caixas, já que o banco estava fechado, só com
serviço interno. “A receita me mandou isto que tenho que pagar até amanhã. E
daí, como é que faço? O banqueiro não paga os vigilantes e nós que sofremos as
consequências. Além disto, se não pagar isto aqui da receita, vai sobrar pra
mim”, desabafou o aposentado Francisco Queiroz, que fez questão de dizer a
idade: 83 anos. Problemas enfrentados nos caixas eletrônicos também
ficaram sem solução, como o da veterinária Margarete de Souza, que se
encontrava na mesma agência do Banco do Brasil. “Meu cartão não está passando e
já fui a três caixas. Não quero tentar mais para não correr o risco de cancelarem
o cartão. Teria que ter alguém do banco aqui para me orientar”, reclamou.
Mesmo com caixas eletrônicos operando, muitos clientes não sabem utilizar os
cartões, grande parte destes aposentados, e preferem sacar o dinheiro no caixa
do banco. É o caso da funcionária pública aposentada Celita Mesquita, que,
quando entrou no banco na área do caixa eletrônico, não escondeu seu
desapontamento. “Isto é horrível. Esta greve acontece logo no dia do pagamento
do servidor. Não sei o que fazer para sacar este dinheiro”, lamentou. Ontem
pela manhã, a categoria causou grande congestionamento de trânsito nas
imediações do Shopping Iguatemi, quando realizou manifestação com mais de mil
sindicalistas e um trio elétrico. Os vigilantes reivindicam o cumprimento da
Lei 12.740, de 08/12/2012, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, a qual
prevê que os vigilantes estão entre os profissionais de segurança privada e
expostos a riscos que devem receber o adicional de periculosidade. Para o
administrador do Sindicato dos Vigilantes do Estado da Bahia (Sindvigilantes),
Luiz Eduardo Portela, os bancos não deveriam estar desobedecendo a lei. De
acordo com o sindicalista, “a lei diz que para o funcionamento do banco tem que
ter vigilante. Tem banco, como Bradesco, Itaú e Santander, que está
desobedecendo a lei”, afirmou. Muitos desses bancos, observados pela reportagem
da Tribuna, estão operando com seguranças sem fardas, o que para Portela
significa clandestinidade. “É considerado vigilante aquele que esteja
devidamente fardado. Se não tiver usando a farda não é profissional
qualificado, é um clandestino”, disparou. (Noemi Flores).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.