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7 de fevereiro de 2013

CACAU DA BAHIA É SINÔNIMO DE CONSERVAÇÃO DAMATA A ATLÂNTICA



Há mais de 250 anos, desde quando foi introduzido na Bahia, o cacau é responsável pela conservação de recursos naturais em sua área de influência. Os primeiros produtores acreditavam que a sombra da cobertura das árvores era necessária para o aumento da produção. Assim, da mata nativa, apenas foi retirada a parte necessária ao plantio da cultura, ou seja, o sub-bosque. Ao contrário do que diz a pesquisa da CNN citada na nota do Bahia Notícias (veja aqui), a cultura do cacau, no recorte Bahia, é que garantiu a conservação de grande parte do que resta da Mata Atlântica em nosso estado. Tanto é que, ao sobrevoar a região, o turista desavisado pensa estar planando sobre uma mata nativa. Bem, embora em muitas áreas esta já não seja mais intocada, é, sim, um exemplo de convivência entre a produção em larga escala e o meio ambiente. Embaixo da mata há uma cultura intensa, embora de baixo ou baixíssimo impacto ambiental. Basta imaginarmos que no sul da Bahia, em apenas um hectare com plantação de cacau, no sistema Cabruca, podem ser (já foram) identificadas mais de 270 espécies de mamíferos (90 endêmicas); 372 de anfíbios (260 endêmicas); 197 de répteis (60 endêmicas); 849 de aves (188 endêmicas); 2.120 de borboletas (948 endêmicas). Foram encontradas, ainda, 458 espécies lenhosas, um recorde mundial. O sistema cabruca é tão expressivo que a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento (MAPA), o adotou como modelo de produção, sistematizado no Projeto Barro Preto de Conservação Produtiva. O modelo Conservação Produtiva é o resultado de um conjunto de ações de baixo impacto ambiental, que prevê, inclusive, o georreferenciamento de todas as espécies arbóreas que compõem a plantação, além de ações que garantam os três aspectos basilares da sustentabilidade no meio rural: o ambiental, o social e o econômico. Esse foi o modelo apresentado pela Ceplac na Rio+20, a Conferência da ONU para a Sustentabilidade. O modelo cabruca, o modo tradicional baiano de cultivo do cacau, foi a única forma de produção citada como uma das 10 premissas (ver anexo) para a garantia da sustentabilidade na produção de alimentos, no documento do governo brasileiro entregue à ONU como contribuição da agricultura nacional para a sustentabilidade do planeta. Portanto, no momento em que avançamos com a Conservação Produtiva – que nada mais é do que a sistematização do nosso modo tradicional, cultural e intrínseco do sul da Bahia, de plantar cacau –, essa informação de que o cacau do Brasil desmata a floresta é uma afirmação infeliz, pelo menos no que diz respeito ao recorte Bahia. A relação é exatamente a contrária: quando o cacau perde força e espaço, crescem as culturas que exigem derruba total da mata. Essa foi a realidade constatada pelos principais chocolateiros do mundo quando da realização do Salon du Chocolat na Bahia, ano passado. Fica o convite para que todos – baianos, brasileiros e povos do mundo – venham ao sul da Bahia conhecer um modelo singular de produzir e conservar, gerando divisas, empregos e inúmeros ativos ambientais. Sim, a proposta da Conservação Produtiva diz respeito ao mundo econômico também. Mas isso é outra parte dessa rica história. Viva o cacau da Bahia! (Juvenal Maynart Cunha é Superintendente Regional da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira na Bahia).

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