Sem medo de errar, pode-se descrever a situação do “apedrejamento da estátua
do Jorge Amado”, como um escárnio contra a história e contra a cultura de um
povo. Marco do local onde nasceu o renomado escritor itabunense, o monumento
foi acertadamente concebido para estender-se no tempo como referência a quem
melhor simboliza as artes em Itabuna. Da literatura do Jorge, vieram o cinema,
a dança, o teatro, a música e todas as artes transitam perfeitamente em tudo o
que foi concebido e inspirado por ele. Não era destinado a ser um ponto
convergente de peregrinação turística, embora sua gênese tenha sido
eminentemente homenageadora; destina-se a uso múltiplo, além das homenagens,
como alusão a um filho pródigo da terra e tudo o mais que pudesse ser
apresentado como indicativo de que ali nascerá Jorge Amado. Referências não lhe
faltariam. E, melhor, aquele monumento cultural fora encravado,
propositalmente, numa das áreas mais antigas de Itabuna e, mais ainda, entre
habitações de baixa renda. Hoje, o marco do sublime e universal Jorge Amado
está transformado num ponto de diversões de vândalos. Indivíduos cuja
insanidade intelectual e menosprezo as letras, devem desconhecer uma só frase
da obra literária de quem o deveria se orgulhar de ser conterrâneo. A estátua
de Jorge Amado, quase toda perfurada por pedradas em Itabuna, também possui uma
quase similar em Salvador, que também foi vítima de ataques de vândalos. Fatos
que revelam o quanto essa gente ainda tem que ler, para saber e ter consciência
da importância de se preservar a cultura; respeitar as artes e venerar quem
melhor soube dignificar sua gente.
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