A cada nova
manifestação oficial do PT a respeito da situação política nacional fica mais
evidente seu desapreço à verdade e à coerência, das quais, desde sempre, o
lulopetismo se autoproclama monopolista. Não fugiram à regra as declarações do
presidente nacional da legenda após a reunião da Executiva nacional, na semana
passada. Rui Falcão repetiu basicamente as mesmas bravatas, as mesmas
mistificações e as mesmas promessas que o PT proclama há mais de 30 anos, sem
mudar nada de essencial num discurso que omite, é claro, o fato de que há pelo
menos uma década, desde que chegou ao governo da União, mudou essencialmente
sua prática política. Em outras palavras, o partido "dos
trabalhadores", que nasceu com o alardeado compromisso de reformular
profundamente um sistema político armado para beneficiar as "elites",
aliou-se ao que há de pior no coronelismo brasileiro. Em nome da
"governabilidade" loteou a administração federal e arquitetou um
atrevido plano de compra do apoio dos "300 picaretas" do Congresso.
Abriu espaço para seus próprios picaretas atuarem livremente na tarefa de
colocar o governo a serviço de interesses privados. Em resumo: o PT prega uma
coisa e faz outra. Encontra, porém, uma justificativa para malfeitos, como a
corrupção de parlamentares condenada pelo STF: tudo é parte da "missão
histórica" de lutar pelos oprimidos. Assim, por se colocar do lado do Bem,
o PT tem moral para cometer atos que só parecem condenáveis aos olhos do
verdadeiro Mal: as elites opressoras e a burguesia egoísta. Aí vem Rui Falcão e
protesta: querem destruir o PT numa campanha que "estimula o preconceito
contra a política". Como se o PT já não se tivesse encarregado de
estimular vivamente o preconceito contra a política, primeiro, ao descrevê-la
como dominada por "picaretas"; depois, já no poder, em vez de tentar
acabar com os "picaretas", ao escolher o caminho mais fácil de pura e
simplesmente suborná-los. É claro que as falácias lulopetistas só prosperam
porque plantadas no campo fértil da ignorância e da desinformação. Assim, uma
vez denunciadas, parece mais impressionante do que elas o sentimento de
progresso material de um importante contingente de brasileiros antes mantidos à
margem do consumo. É inegável essa conquista social dos governos petistas e
impõem-se, a todos, o dever de lutar para ampliá-la. O que não se pode admitir
é que o mérito dessa e outras realizações seja usado como pretexto para elidir
o enorme demérito que significa atrelar o projeto de poder do PT à depreciação
de valores democráticos e verdadeiramente republicanos, como a independência da
representação popular (que não pode ser comprada); o respeito às prerrogativas
constitucionais dos poderes (que não podem ser contestadas conforme as
conveniências); e a impessoalidade da administração pública (que não pode ser
transformada em repasto de companheiros e companheiras e mero instrumento de
poder). No exercício do poder, o lulopetismo aproveita-se cinicamente do fato
de a massa popular estar mais preocupada com o próprio bolso do que com questões
republicanas. É somente a partir de níveis mínimos de educação, de informação e
da consequente conscientização política que o simples consumidor se transforma
em cidadão capaz de ter o domínio de seu próprio destino. Se a educação não
encontra nos governos o nível mínimo de prioridade que a verdadeira consciência
democrática exige, pelo menos a informação precisa continuar circulando. E é
exatamente por essa razão - por temer os efeitos que, mais cedo ou mais tarde,
a informação sobre suas falácias e mistificações cale na consciência dos
brasileiros - que os petistas odeiam a imprensa livre e, mais uma vez,
proclamam a necessidade de "regulamentá-la". De novo, dissimulam sua
verdadeira intenção: aplicar aqui, em maior ou menor grau, a censura praticada
pelo decrépito regime cubano, pelos regimes "bolivarianos" da
Venezuela, Equador e Bolívia e pelo regime sui generis da Argentina. Em resumo,
o discurso petista é falso como uma nota de três reais.
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