O empresário
Marcos Valério Fernandes de Souza disse no depoimento prestado em setembro à
Procuradoria-Geral da República que o esquema do mensalão ajudou a bancar
"despesas pessoais" de Luiz Inácio Lula da Silva. Em meio a uma série
de acusações, também afirmou que o ex-presidente deu "ok", em reunião
dentro do Palácio do Planalto, para os empréstimos bancários que viriam a
irrigar os pagamentos de deputados da base aliada. Valério ainda afirmou que
Lula atuou a fim de obter dinheiro da Portugal Telecom para o PT. Disse que
seus advogados são pagos pelo partido. Também deu detalhes de uma suposta
ameaça de morte que teria recebido de Paulo Okamotto, ex-integrante do governo
que hoje dirige o instituto do ex-presidente, além de ter relatado a montagem de
uma suposta "blindagem" de petistas contra denúncias de corrupção em
Santo André na gestão Celso Daniel. Por fim, acusou outros políticos de terem
sido beneficiados pelo chamado valerioduto, entre eles o senador Humberto Costa
(PT-PE). A existência do depoimento com novas acusações do empresário mineiro
foi revelada pelo Estado em 1.º de
novembro. Após ser condenado pelo Supremo como o "operador" do
mensalão, Valério procurou voluntariamente a Procuradoria-Geral da República.
Queria, em troca do novo depoimento e de mais informações de que ainda afirma
dispor, obter proteção e redução de sua pena. Valério disse ter passado
dinheiro para Lula arcar com "gastos pessoais" bem no início de 2003,
quando o petista já havia assumido a Presidência. No relato feito ao Ministério
Público, Valério afirmou que no início de 2003 se reuniu com o então ministro
da Casa Civil, José Dirceu, e o tesoureiro do PT à época, Delúbio Soares, no
segundo andar do Palácio do Planalto, numa sala que ele descreveu como
"ampla" que servia para "reuniões" e, às vezes, "para
refeições". Ao longo dessa reunião, Dirceu teria afirmado que Delúbio,
quando negociava com Valério, falava em seu nome e em nome de Lula. E
acertaram, ainda segundo Valério, os empréstimos. Nessa primeira etapa, Dirceu
teria autorizado o empresário a pegar até R$ 10 milhões emprestados. Terminada
a reunião, contou Valério, os três subiram por uma escada que levava ao
gabinete de Lula. Lá, na presença do presidente, passaram três minutos. O
empresário contou que o acerto firmado minutos antes foi relatado a Lula, que
teria dito "ok". Dias depois, Valério relatou ter procurado José
Roberto Salgado, dirigente do Banco Rural, para falar do assunto. Disse nessa
conversa que Dirceu, seguindo orientação de Lula, havia garantido que o
empréstimo seria honrado. A operação foi feita. Valério conta no depoimento
que, esgotado o limite de R$ 10 milhões, uma nova reunião foi marcada no
Palácio do Planalto. Dirceu o teria autorizado a pegar mais R$ 12 milhões
emprestados.
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