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Igreja Universal do Reino de Deus em São Luís foi multada em R$ 80 mil pelo uso
irregular de PMs (Policiais Militares) para prestarem serviço de segurança
privada e transporte de dinheiro arrecadado pelo templo. A Justiça do Trabalho
reconheceu que os trabalhadores tiveram seus direitos desrespeitados e aplicou a
multa, que será depositada no FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). A Justiça
proibiu a Igreja Universal de contratar policiais para prestar serviço privado.
A determinação judicial obrigou ainda que a Universal “registre em livro, ficha
ou sistema eletrônico a admissão e manutenção de empregados em seu quadro
funcional.” A decisão foi dada pela 4ª Vara do Trabalho de São Luís, na semana
passada, que reconheceu a conduta irregular da Igreja e determinou o pagamento
da multa por infringir os danos morais coletivos dos trabalhadores. A decisão
ainda cabe recurso. Segundo a ação do MPT/MA (Ministério Público do Trabalho do
Maranhão), a Igreja Universal contratou vários PMs e não assinou a carteira de
trabalho deles. Devido à ausência da anotação no documento de trabalho
acarretou na sonegação do recolhimento de FGTS e Previdência Social, além dos
policiais contratados não terem direito a férias e de pagamento do 13º salário.
A juíza Ângela Cristina Mota Luna destacou, na sentença, que ficou comprovado
que os policiais contratados pela Igreja Universal tinham que adequar sua
escala de trabalho na PM do Maranhão de acordo com as necessidades e
solicitações da Universal. Segundo a magistrada, a falta de regularidade no
serviço público teria causado prejuízos à população da capital maranhense “pelo
desvirtuamento do serviço de segurança pública e aos vigilantes devidamente
credenciados, que perderam espaço no mercado de trabalho.” “A Igreja utilizou
mão de obra treinada e aparelhada pelo Estado em benefício próprio. Os
policiais prestavam serviços no horário em que deveriam estar em descanso. Esse
acúmulo de atividades, pública/privada, reflete na precarização dos serviços
prestados, além de representar riscos à população, que passou a ser servida por
policiais estressados e fadigados”, argumentou na ação a procuradora Anya
Gadelha Diógenes. A procuradora ressaltou que devido à contratação irregular de
policiais para o serviço o mercado de segurança privada foi prejudicado porque
é regido por lei específica, que determina a contratação de profissionais que
fazem cursos específicos para desempenharem as atividades, que são autorizadas
e fiscalizadas pela Polícia Federal. “Dezenas de vigilantes regularmente
capacitados para o exercício da profissão deixaram de ter acesso a um posto de
trabalho em razão da contratação ilícita de policiais militares”, destacou
Diógenes.
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