Novamente o
sistema prisional brasileiro ocupa o centro das atenções no conturbado cenário
da insegurança pública. A facilidade com que chefes do crime mantêm suas vozes
de comando ativas de dentro das celas é característica uniforme em todas as
penitenciárias de todos os recantos do Brasil. Da mesma forma é recorrente a
capacidade de resposta criminosa contra as (tímidas) medidas adotadas no
sentido de cortar, pela transferência dos chefões, essas linhas de comunicação
criminosa. Estados com relativamente pouca presença no noticiário policial
nacional, como Santa Catarina, começam a ocupar manchetes em decorrência de
ondas de violência em retaliação a medidas que tenham desagradado a líderes
criminosos presos. Ao mesmo tempo, áreas tradicionalmente tensas, como a Grande
São Paulo, são mais uma vez sacudidas por ofensivas criminosas movidas
diretamente contra policiais e até seus familiares. E a causa seria
simplesmente as modificações adotadas pela administração penitenciária, com a
transferência de líderes de facções para presídios distantes de suas
tradicionais áreas de atuação. No caso de Itabuna, a constante apreensão de
equipamentos contrabandeados para o lado de dentro das celas mostra o quanto
atuante é esse tráfico de produtos essenciais para as linhas de comando –
celulares, armas e drogas. Em meio a tudo isso, a temperatura é elevada pela
declaração do ministro da Justiça de que preferiria “morrer a cumprir pena” num
dos presídios brasileiros. A fala foi ainda mais turbinada pela constatação de
que uma ínfima parcela das verbas orçadas estaria sendo realmente utilizada
(pelo próprio sistema gerido pelo ministério da Justiça) no ano quase findo. E
pior poderia ser se o dinheiro público seguir sendo canalizado para os
inapropriadamente chamados “presídios de segurança”, cujas obras têm-se
revelado seguras formas de desperdício pecuniário, haja vista a tremenda
insegurança resultante desses presídios cuja vulnerabilidade a fugas revela-se
como característica comum.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.