A dispersão da praga da vassoura-de-bruxa na região cacaueira não foi algo natural e isso ficou totalmente comprovado em inquérito conduzido pela Polícia Federal há alguns anos. As investigações não conseguiram apontar os autores, mas concluíram que a forma como a doença se instalou denuncia um “modus operandi” todo especial, um plano macabro e destruidor, um ato humano deliberado, como sugere o excelente e fundamentado documentário produzido por Dilson Araújo. O filme traz uma série de depoimentos e documentos oficiais, além de histórias de perdas financeiras, familiares e humanas ocorridas nessas terras a partir do fim dos anos 80 do século passado. Foi o fim de uma era, e é impossível traduzir em palavras a tragédia que se deu nessa região, onde mais de 250 mil trabalhadores perderam seus empregos nas fazendas de cacau e o êxodo para as cidades chegou a 800 mil pessoas. Pesquisadores ouvidos no documentário atestam que o inchaço das favelas e todos os problemas sociais que vieram a reboque, como a falta de infraestrutura e a violência, têm relação direta com a bruxa que assombrou a região. Suas consequências foram também ambientais, com a destruição do sistema da cabruca em 600 mil hectares de fazendas. Muitas áreas onde a Mata Atlântica permanecia intacta, em uma convivência produtiva e ecológica de mais de dois séculos, foram transformadas em pastagens e a madeira nativa foi alimentar as serrarias. Tragédia. Crime. Holocausto. Genocídio. Qual a palavra certa para descrever o que se deu nessa região? “O Nó” apresenta várias, sem deixar de mostrar que os cacauicultores foram vítimas duas vezes. Uma quando a vassoura se instalou, com galhos amarrados diligentemente por mãos assassinas; a outra quando a Ceplac recomendou providências equivocadas, que levaram os produtores a assumir dívidas que lhes atormentam até hoje. Os bancos exigem que eles paguem pelo que não surtiu efeito e o governo não assume o ônus pela falha. É impossível assistir ao filme sem ficar permanentemente com um nó na garganta e um embrulho no estômago, além do sentimento de impotência diante da crueldade. São histórias destruídas, vidas destroçadas, uma cultura secular que deixou de existir por obra e graça de alguma ideia psicótica. De quem? A polícia diz que não sabe. Não por acaso, “O Nó” é narrado quase num sussurro, por uma voz que parece ser de alguém que fala em meio a um velório. O tom é triste, o filme fala de morte. (Ricardo Ribeiro é editor do Cenabahiana).
Onde podemos encontrar copias deste documentario para comprar e assistir em casa?
ResponderExcluirSergio Oliveira.
Mistério!
ResponderExcluirDesde então Taboca vários crime acontecera nesta terra,que todos sabiam,até os cachorros,o único que não sabia era a polícia,até mesmo uma simples
fuga da cadeia todos sabiam quem soltou,só a polícia não sabia.Em fim se eu numerá-las até o presente esta lauda não vai dar. Mas vamos ao que
interessa: O crime do jornalista Manoel Leal,todos
sabem quem foram os mandantes,até os cachorros sabem,só a polícia que não sabe.
Quem trouxe a vassoura de bruxa para Itabuna,todos sabem,só a polícia que não sabe.
Somente o detetive Sharlork Holmes que poderá descobrir este mistério.
José Raimundo Oliveira Guimarães
Val Cabral
ResponderExcluirO que mais me entristece nessa história do crime da vassoura de bruxa, é a impunidade que faz seus causadores estarem rindo da cara da gente.
Flávio Lopes
Vi o filme e ele, realmente, retrata a mais absoluta realidade de um crime horrível que tanto prejuízo provocou na região.
ResponderExcluirTodos os sulbaianos deveriam assistir o "Nò".
Gutemberg Matos
SE EU TIVESSE QUE ESCREVER SOBRE ESTE ASSUNTO, COM CERTEZA AS PALAVRAS PODERIAM NÃO SER AS MESMAS, MAS O CONTEÚDO SERIA IGUALZINHO!!!!! PARABÉNS JOVEM RICARDO RIBEIRO. HILDETE FONSECA
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