A VIOLÊNCIA FAZ PARECER QUE O SATANAZ ADOTOU ITABUNA

Há uma nova raiva, um novo tipo de ódio, alguma bestialidade inexplicável rondando Itabuna. A vida humana perdeu qualquer valor no contrapé das relações sociais. Um balanço do Instituto Médico Legal (IML) registrou quase uma centena

de homicídios somente nestes seis primeiros meses do ano. Apesar do número muito alto, o índice de assassinatos no primeiro semestre do ano passado foi ainda maior. Campanhas de desarmamento já foram levadas a efeito no Brasil, mas em Itabuna ainda não tivemos qualquer sinal de redução no índice de criminalidade. Matam usando armas de fogo, armas brancas e com uso de outros meios como pauladas e estrangulamento. Ninguém, nem nada, está desarmado, principalmente os espíritos... de porcos. As matérias jornalísticas são verdadeiros registros de horror. Esses crimes acontecem por disputas entre quadrilhas, pelo alto consumo de álcool e droga, por acertos e desacertos no tráfico, crimes de encomenda, por meras discussões de trânsito, por brigas de vizinhos, pelos motivos mais banais possíveis. Itabuna já foi o território pacato dos poetas e escritores, a terra dos encantamentos irresistíveis expostos nos romances de Jorge Amado e nos poemas de Telmo Padilha e Cyro de Matos, uma ilha de hospitalidade. Esse quadro mudou em função de uma violência que assusta e se distribui quase de maneira uniforme entre os vários bairros da cidade, principalmente os bairros em que o policiamento não está conseguindo chegar. Esse novo ódio deveria ser matéria de estudo dos nossos sociólogos, já que divulgam os governantes que hoje há menos pobreza, há mais educação e há mais tudo em Itabuna, embora estas afirmações sejam desmentidas, repetidamente, por todos indicadores sociais. Se não é a pobreza absoluta, se a origem social do crime já não se explica no Brasil do Bolsa Família e dizem todos os dias da ascensão de membros da classe D para a classe C, não há explicação imediata para tanto ódio. A não ser que ele seja fruto do estímulo dos videogames, do cinema, do UFC, dos filmes violentos na televisão, como querem alguns, não se explica esse novo ódio que motiva tantos homicídios em Itabuna, na Bahia inteira e no Brasil. Não bastasse a população desprotegida, a insegurança com relação aos crimes de assalto, sente-se que está dentro das pessoas essa manifestação irracional que anda custando o sangue de tantos itabunenses. Uma resposta para essa situação deve ser dada pelo conjunto da sociedade. É hora de arregimentar todas as forças e não apenas a força policial para conter essa estatística de horror. Somos a mesma sociedade, somos as mesmas pessoas de outras décadas, onde havia mais paz e solidariedade. Não basta apenas culpar o governo, é preciso fazer alguma coisa. E esta deve ser uma responsabilidade de todos nós.