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4 de junho de 2012

ENCONTRAR AMIGOS É SÓ UM DOS MOTIVOS PARA ADESÃO EM MASSA ÀS REDES SOCIAIS

Criadas com a suposta pretensão de serem espaços de reencontro e descoberta de novas amizades, as maiores redes sociais digitais do mundo atingiram uma dimensão estratosférica. Até o mês de maio, por exemplo, o Facebook alcançou a incrível marca de 901 milhões de usuários, como informa o site americano que monitora a abrangência da ferramenta, o Socialbakers. Dentre os países que pontencializaram o crescimento da rede mundial de amigos, o Brasil ocupa uma posição de destaque. Do total de inscritos em todo o mundo, mais de 40 milhões são brasileiros. O país só perde, em número de usuários, para os Estados Unidos da América, que tem quase 157 milhões de inscritos. Diante do número de assinantes do Facebook, que se aproxima da casa do bilhão, o sucesso do empreendimento idealizado por Mark Zuckerberg parece incontestável. Prova disso é que, no último dia 18 de maio, os gerenciadores da rede lançaram as suas ações na bolsa de valores Nasdaq. Entretanto, em termos práticos, será que o sucesso financeiro obtido pela empresa representa o cumprimento de duas grandes supostas missões a que se propõe: possibilitar reencontros e favorecer o desenvolvimento de novos laços de amizade? PESQUISA - O Consultor de Comunicação Digital Moisés Costa Pinto, 23, entrevistou 400 pessoas em todo o Brasil para tentar responder, entre outras perguntas, estes questionamentos. Segundo o consultor, quando perguntados se a criação de novas amizades é um fator decisivo para as pessoas “estarem” em sites de redes sociais, 32% dos entrevistados responderam positivamente, enquanto 22% consideraram tal interesse de valor “intermediário” para a definição da escolha. Em contrapartida, a grande maioria, 46% dos entrevistados, afirmaram que criar novas amizades foi o detalhe menos motivante para a adesão de sites de redes sociais. Em um outro questionamento, que teve a mesma natureza, 83% dos usuários assinalaram que a manutenção de relacionamentos preexistentes nas redes sociais é um fator relevante no uso destas ferramentas, enquanto apenas 8% dizem que esta é uma opção pouco importante ou insignificante. Conforme Moisés Costa Pinto, a pesquisa pretende identificar os valores que perpassam os sites de relacionamentos: o contato entre os indivíduos. "Os dados coletados apontam que nem sempre as pessoas participam das redes sociais digitais à procura de novos amigos. Os usuários, em sua maioria, criam perfis para estreitarem laços com “amigos” já existentes no mundo offline", acredita. Os dados da pesquisa foram colhidos entre os dias 12 de setembro e 3 de novembro de 2011 e serão divulgados por completo no próximo dia 20 de junho, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Ufba), como Trabalho de Conclusão de Curso. O professor Raulino Júnior, 30 anos, é um exemplo de usuário de redes sociais que nunca fez amizades pelo Facebook ou qualquer outro meio virtual. "As pessoas que são minhas amigas na vida real tornam-se, por extensão, amigas por aqui (Facebook). É um movimento contrário. Do real para o virtual. Claro que adiciono pessoas que não têm um laço de amizade tão grande comigo, mas o carinho existe. Dos 545 "amigos" que tenho no Facebook, só não conheço pessoalmente uns dez. Para mim, a falsidade deve ser banida tanto das nossas relações reais quanto das virtuais", justifica. NOIVADO VIA WEB - Entretanto, esse comportamento não é uma regra. A jovem baiana Maria Alice de Souza Araújo, 22 anos, construiu uma grande amizade, por meio da rede social Orkut, que acabou em noivado com Thiago de Barros, 23 anos, morador de São Paulo. Maria Alice pontua, no entanto, que os laços criados entre o casal foram tão fortes que eles passaram a conversar por MSN, via web cam, e por telefone celular. Thiago, que conheceu a jovem em novembro de 2010, já veio à Salvador sete vezes, após terem iniciado o relacionamento, sendo que em uma delas marcou noivado. "No próximo ano iremos nos casar e eu irei morar com ele em São Paulo", antecipa. Quem pensa que esta foi um história específica na vida de Maria Alice se engana. A madrinha do seu casamento é uma amiga, também de São Paulo, que ela conheceu por meio das redes sociais. "Acredito que é possível construir laços verdadeiros - de amor e amizade - com pessoas que conhecemos pelas redes sociais. Entretanto, vale sempre o cuidado. Talvez nem todos tenham a mesma sorte que eu tive", conclui. LAÇOS DURADOUROS - O caso da estudante Maria Alice é considerado pela psicanalista Anna Amélia Faria, que atua na Faculdade Baiana de Medicina, como uma potência plenamente possível dos sites de redes sociais. "Tenho certeza que estas relações alcançam a vidas das pessoas de forma afetiva. Cada um tem a sua forma de se relacionar com as plataformas virtuais e isso não pode ser visto de forma moralista. Enquanto para algumas pessoas o relacionamento por estas redes é majoritariamente superficial, para outros é extremamente profundo". A psicanalista ainda diz que as redes sociais têm um potencial ativo (de replicação e diálogo instantâneo) que provoca um conforto necessário para quem tem dificuldade de iniciar uma amizade no mundo offline. "Problemas de convivência pode haver em qualquer espaço. Isso não é característico de um público específico", alerta. UM MUNDO DE NOVIDADES - Thaís Bittencourt de Miranda, doutoranda do Grupo de Pesquisa em Interações, Tecnologias Digitais e Sociedade (GITS), vinculado ao Programa de Pós Graduação da Universidade Federal da Bahia, acredita que há vários mitos diante das novas tecnologias. Um deles é o de que os sites de redes sociais pretendem reaproximar amigos e permiti-los construir novos laços de amizade. "O objetivo pode ser também isso, mas não é só isso. As redes sociais sempre existiram. As tecnologias permitiram que elas fossem ampliadas para o meio digital", problematiza. Thaís Bittencourt diz que o determinismo deve ser evitado quando este tipo de assunto é discutido. Para isso, considera evitarmos acreditar em teorias que indiquem que os sites de redes sociais afastam as pessoas ou que tenham nascido como uma possibilidade perfeita de gerar o encontro entre colegas, amigos e parentes perdidos no tempo. "Os sites de rede social, na verdade, resignificam os conceitos de amizade. Afinal de contas, qual o conceito de amizade que trabalhamos quando estamos discutindo este assunto? Trabalhamos com conceitos pré-existentes (a exemplo dos determinismos citados), mas não damos conta que amizade nos sites de rede social é uma coisa nova. Ainda não sabemos bem o que é, mas estamos estudando para entendê-la". (Henrique Mendes).

Um comentário:

  1. Camila Costa dos Santos Souza05 junho, 2012

    Não tem preto nem branco, rico ou pobre, policia ou bandido, catolico ou evangelico. Tudo isso nos mostra que não há diferença entre os povos, é um momento de refletir sobre nossas atitudes.
    É momento de aprender a olhar o próximo com mais amor e respeito.

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