“O PIOR ANALFABETO É O ANALFABETO POLÍTICO”

A falta de vergonha, essa devassidão como alguns gestores têm tratado a coisa pública já chegou ao limite intolerável. A impunidade é a grande responsável por toda a podridão que rola por baixo dos tapetes nesse País, na Bahia e aqui em Itabuna. Para um corrupto perder o cargo depois de roubar, roubar e roubar não significa absolutamente nada. No máximo três dias, uma semana de recolhimento numa sala bem equipada, com todo o conforto. Com todo o conforto sim, por que essa espécie de meliante, o criminoso de colarinho branco, não fica em cela. Fica em dependências exclusivas, gozando de privilégios que nunca mereceram, blindados pela capa negra da “imunidade”. E a grana surrupiada do erário público vira fumaça. Continua engordurando as contas bancárias do indivíduo, bem distribuída, protegida entre os seus laranjas. Não reaver os recursos desviados, frutos da corrupção, o patrimônio adquirido ilicitamente, é um incentivo para que as gerações sucessoras continuem cometendo o mesmo delito. Como a justiça opera num processo de demência e as leis não são rigorosas com os infratores, só existe uma saída para o lado mais fraco do jogo, o eleitor: não votar nessa gente, excluir, banir definitivamente da vida pública. Mas como, se o nosso eleitor é inconsciente, vota em determinado candidato simplesmente para não perder o voto, vota por um trocado qualquer, vota por uma migalha? Vale a pena repetir o poeta alemão Berthold Brecht: “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, não participa dos movimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem de decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Não sabe que da sua ignorância nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e explorador das empresas nacionais e multinacionais”. Pois é, só nos resta ainda acreditar que nem tudo está perdido e usar os meios que forem possíveis no cotidiano da gente para demonstrar com veemência a nossa indignação com tamanha sujeira. Que o judiciário cumpra com celeridade o seu papel de julgar, sentenciar e trancafiar os corruptos, mas não sem antes fazê-los devolver aos cofres públicos centavo por centavo, o fruto do roubo e da bandalheira praticados.