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Câmara

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30 de outubro de 2011

PEDIDO DE PERDÃO

Adam Riklis era um sobrevivente do Holocausto. Depois que toda sua família foi assassinada pelos nazistas e ele suportou provações difíceis, em três campos de concentração, agarrou-se mais à sua fé. Intimamente, prometeu que ensinaria aos filhos a religião dos seus pais. Por isso, teve paciência quando seu filho de dezenove anos abandonou a faculdade, largou o emprego e disse que iria para a Índia, em busca de iluminação. Mas, quando o filho desprezou a fé judaica, Adam não suportou e o expulsou de casa. Trocaram palavras duras e o filho viajou. Seis anos depois, Joey, o filho, encontrou um amigo que lhe informou que seu pai morrera há dois meses. Ninguém o avisara porque ele nunca havia mandado o endereço para a família. Joey teve um choque. Acreditou que seu pai morrera, não de um ataque do coração, mas do coração partido. E fora ele quem partira o coração do velho pai. Resolveu tomar um avião e ir a Israel. Foi a Jerusalém, comprou um livro de orações. Imitando os movimentos dos outros, encostou a cabeça na pedra lisa do muro das lamentações e começou a orar. De repente, viu-se a falar com seu pai: como ele desejaria poder pedir perdão. Como queria poder dizer que sempre o amou. Olhando para o lado, observou que as pessoas escreviam pedidos em pedacinhos de papel e colocavam nas fendas do muro. Escreveu um bilhete ao pai, pedindo perdão e começou a procurar uma fenda onde pudesse colocar sua mensagem. Foi difícil. Há tantos anos, tantos fazem isso que todos os buraquinhos do muro estavam lotados. Finalmente, ele achou um cantinho para colocar o seu papel. Mas, quando tentou, o que conseguiu foi derrubar o papel de outra pessoa que havia deixado ali seu pedido escrito. Ai, não. Tirei do lugar o papel de outra pessoa, pensou. Começou a procurar um outro lugarzinho para devolver aquela mensagem. Foi então que uma grande curiosidade tomou conta dele e resolveu abrir o bilhete. E leu o seguinte: Meu querido filho Joey. Se, por acaso, um dia você vier a Israel e vier até este muro, espero que possa encontrar este bilhete. Quero dizer que sempre o amei. Mesmo quando você me magoou, continuei amando. Eu o perdoo por tudo e espero que você também possa perdoar um velho bobo. Seu pai, Adam Riklis. A prece de Joey acabava de ser atendida. Não esperemos que a morte leve o ser amado para verificar que o melhor é sempre desculpar, perdoar e estar juntos. Não deixemos o pedido de desculpas para amanhã. Não adiemos a possibilidade de abraçar, conviver, amar. Não permitamos que desavenças geradas por palavras grosseiras, ditas em momentos de intranquilidade e desequilíbrio, nos afastem daqueles que são nossos afetos. Se você descobrir agora que um amigo, um amor tem algo a reclamar de você, levante-se e vá ao encontro dele. Ofereça o seu abraço, o seu sorriso e recomece a desfrutar da amizade, do amor, que são alimento para o Espírito. (Redação do Momento Espírita, com base em fato do livro Pequenos milagres, de Yitta Halberstam e Judith Leventhal, ed. Sextante.

Um comentário:

  1. Val Cabral
    Belíssimo texto.
    Por ele e por todos que vc escreve, é que acesso diriamente este seu blog.
    Vc é demais amigo.
    Maria Célia

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