Questiona-se muito sobre a eficácia do projeto de lei 122/06, que criminaliza a discriminação em relação à orientação sexual. Seria uma lei capaz de colocar fim a homofobia? Evento recente faz crer que sim, que punir a discriminação é indispensável. O jogador de vôlei Michael foi ofendido por cerca de 2.000 pessoas que ocupavam as arquibancadas de um ginásio em Minas Gerais, através de palavras de cunho homofóbico. Após o evento, assumiu publicamente a sua orientação sexual. Foi acionada a Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Vôlei que, por unanimidade, condenou o clube cuja torcida foi responsável pela agressão. A decisão foi aplicar ao clube multa de R$ 50 mil pela prática de “ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem sexual”. Evidente que se trata de multa de baixo valor e que não será ela o fator determinante para se colocar fim à homofobia entre aqueles torcedores que sequer foram punidos diretamente. Mas, o clube que sofreu multa de R$ 50 mil, por ser primário, temeroso de que o evento se repita, vai iniciar uma campanha educativa entre os seus torcedores. Esse, sim, talvez seja o resultado positivo da condenação. A discriminação não se extingue apenas com a criação de uma lei. Os homofóbicos, por certo, mesmo que sob ameaça de punição, dificilmente deixarão de lado o preconceito. Mas, pelo menos, evitar-se-á que o exteriorizem. Aliado a isso é preciso uma intensa campanha educativa que seja capaz de atingi-los de uma forma transformadora. Já em relação às crianças e adolescentes o poder de transformação é maior. A melhor saída é educá-los de forma que pensem e ajam tendo em mente o direito à igualdade de todos. As crianças que convivem com homofóbicos não podem ser educadas apenas por eles, sob o risco de carregarem dentro de si o preconceito em relação à orientação sexual quando adultos. Daí a necessidade da interferência da sociedade e do governo que têm a missão de mostrar-lhes que acima de todos os pensamentos deve estar o da igualdade. Educando as crianças, colabora-se para que eventos como os que envolveram Michael não voltem a acontecer. Já com aqueles para os quais a homofobia é algo que faz parte de seu caráter, restará a lei. A urgência na adoção de alguma medida é patente pelos dados apresentados pelo GGB (Grupo Gay da Bahia), que tem como uma de suas tarefas amealhar informações para elaboração de estatística quanto às agressões praticadas contra os integrantes do segmento LGBT. Segundo o GGB, no ano passado 260 pessoas foram assassinadas em decorrência de sua orientação sexual, número que representa um crescimento de 31,3% em casos de homicídio envolvendo homossexuais, em relação ao ano de 2009. O descaso do governo é tanto que sequer existem estatísticas oficiais, e os números apresentados pelo GGB, infelizmente, são menores do que os reais. Isso porque são apurados através de informações de jornais, sites e denúncias que recebem. Certamente outros inúmeros casos não integram o levantamento, que mesmo assim faz com que o Brasil continue em primeiro lugar no ranking, como país líder em homicídios movidos pela homofobia. Se considerarmos que um gay tem 785% mais chances de ser assassinado no Brasil do que nos Estados Unidos, não resta a menor dúvida de que o projeto de lei 122/06 deve ser aprovado, mesmo que seja apenas como uma tentativa de nos livrar dessa liderança. (Sylvia Maria Mendonça do Amaral – Advogada, www.jornaldireitos.com.br).
PLC 122: cadeia para quem discordar da sodomia
ResponderExcluirPLC 122: cadeia para quem discordar da sodomia
Enquanto militantes gays preparam grande ato na frente da Catedral de Brasília, Marta Suplicy prepara votação do PLC 122 nesta semana
Julio Severo
Grupos de militantes gays de todo o Brasil preparam-se para a Marcha pela Aprovação do PLC 122 em Brasília em 18 de maio de 2011. O evento, que também se chama Marcha contra a Homofobia, recebeu impulso importante com a recente decisão do STF de desfigurar a Constituição para favorecer as uniões civis com base na sodomia.
Com o governo federal e até o STF se prostrando diante das exigências da ideologia gay, só falta agora o Congresso e o povo. O Congresso não o faz por medo do povo. O povo não o faz porque ainda lhe resta alguns valores morais conservadores — espécies em extinção ou já extintas entre as autoridades.
Se o Congresso e o povo não se dobrarem, os ativistas gays e seus aliados contam com o “jeitinho” brasileiro para aprovar o PLC 122, quer a população do Brasil queira ou não. Não fosse por esse “jeitinho”, o STF jamais teria conseguido enxergar na Constituição algo que nunca existiu: a equiparação da união estável homem/mulher com a união estável homem/homem.
Se o rolo compressor gay conseguir passar por cima do Congresso, usando o STF ou outro órgão, o povo não terá a mínima chance de escapar de um atropelamento e esmagamento social — a não ser que encare o problema de frente em muitas manifestações nas ruas.
Semana passada o Brasil viu o adiamento da votação do PLC 122, graças às pressões de evangélicos e católicos. Mas Marta Suplicy garantiu que nesta semana, que marca o Dia Mundial de Combate à Homofobia (17 de maio), a votação ocorrerá, e os militantes gays já estão se reunindo em Brasília vindos de todo o Brasil para um grande ato pró-PLC 122 na frente da Catedral de Brasília.
A pergunta a ser feita agora diante do rolo compressor gay é: O PLC 122 deve ser enfrentado de forma delicada, como apenas uma mera ameaça à liberdade de expressão e opinião? Ou deve ser encarado como um perigo maior?
Para enviar um email contra o PLC 122 para todos os senadores, clique aqui.
Fonte: www.juliosevero.com
O que mais me incomoda é saber que se o ginásio inteiro estivesse gritando ofensas racistas, com certeza a reação e a repreensão ao ato seria imediata.
ResponderExcluirÉ certo que estes casos estão ganhando mais espaço na grande imprensa e saindo das discussões internas do movimento. Tomara que a exposição de mais este ato homofóbico pelo menos contribua para um processo de mudanças na mentalidade da sociedade.
ResponderExcluirFalta do que fazer, o Brasil tem problemas mais sérios para serem resolvidos.
ResponderExcluirOs clubes não podem se responsabilizar pelo comportamento de seus torcedores, afinal são milhões.
Quando é homofobia todos ficam irritados, mas quando é racismo niguém fala nada.
Respeito o atleta ser gay, mas ele está agindo como uma criança mimada.
ResponderExcluirFresco, mocinha...
Amigo Val Cabral, esse pessoal acha que homossexualidade é uma ameaça ao conceito de família. Vocês lembram nos anos 70, quando da lei do divórcio? Era a mesma coisa, diziam que o divórcio era uma ameaça à família e tal, e enquanto isso mulher desquitada era estigmatizada como puta. Acho que é por aí. Precisa examinar como se forma o conceito de família e o papel que ele, conceito, tem na organização social. Creio que esses conceitos religiosos são bem pouco "divinos", tinham na verdade um papel instrumental nas sociedades. O lance é que o pessoal não vê que o mundo muda, né? Enfim, dá uma boa pesquisa, coisa para gente com mais capacidade do que eu. Everaldo Brandão de Almeida
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