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29 de maio de 2011

CRIANÇAS NÃO DEVEM SER TRANSFORMADAS EM OPERÁRIAS

Dias passam, enfim atingimos a fase adulta e com ela surgem as dificuldades e os obstáculos. Em determinados momentos, como forma de fuga, fechamos os olhos e, por alguns minutos, recordarmos momentos felizes, nos transportando para um passado que se inicia em nossa infância. Impossível esquecer as brincadeiras, as noites em que dormíamos cansados de pular e de correr em busca da felicidade, caindo e levantando em um ritmo frenético e contagiante. Mas infelizmente nem sempre isso acontece. A realidade da maioria das nossas crianças é outra. Os direitos de brincar, praticar esportes, bem como a liberdade, a proteção, a educação e a preservação da sua integridade física, psíquica e moral não ultrapassam as linhas escritas nos artigos que regulamentam o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A violação desses artigos está diante de nossos olhos no momento em que saímos de nossas casas e constatamos as mais diversas formas de exploração do trabalho infantil. É comum encontrarmos crianças comercializando balas em semáforos, engraxando sapatos e vendendo amendoins e ovos cozidos em bares e casas noturnas, enfrentando as madrugadas frias e os perigos da noite. Enquanto os filhos de pais da classe média jogam futebol nas quadras da AABB, AFC, GTC... em um belo domingo de sol, crianças com bacias sobre suas cabeças passam oferecendo seus produtos debaixo de uma temperatura altíssima e sem a mínima proteção. É clara a lei é taxativamente contra qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. Todavia, como cobrar uma posição do Judiciário para fazer cumprir a lei uma vez que observamos os próprios pais fazendo dos seus filhos operários? A erradicação do trabalho infantil vem sendo meta e proposta de muitos governos, são traçadas as diretrizes e elaborados planos que, na prática, não surtem efeitos positivos que beneficiem crianças e adolescentes. Os dias passam também para esses operários mirins, chegando para eles a fase adulta. Quais lembranças de sua infância virão a sua mente? As vezes em que foram maltratados ao oferecer seus produtos ou serviços, as noites em que não dormiram, pois enfrentavam o frio da madrugada com as flores que murchavam junto com a esperança de saciar a fome ao ouvir um não, ou as surras que os esperavam quando não contavam com a sorte e retornavam de mãos vazias. Afortunados, assim podemos qualificar os que buscam e encontram as lembranças de uma infância saudável. Essa é a fase em que devem acontecer as descobertas, onde as crianças podem correr livremente, aprendendo naturalmente que precisam levantar após cada queda, época em que as atividades são desenvolvidas com satisfação, em que deveria ser permitido brincar de tudo, menos de trabalhar.

4 comentários:

  1. Daniela Fontes30 maio, 2011

    É fundamental que toda a sociedade brasileira se mobilize em prol das crianças que são exploradas, quer seja através de protestos e denúncias, quer seja através da solidariedade. Essa luta é nossa! Pode e deve ser vencida!

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  2. Cerca de 4 milhões de crianças, entre 5 e 16 anos, trabalham no Brasil, o que o coloca entre os países com os maiores índices de trabalho infantil.
    Uma Nação responsável deve garantir que a criança tenha oportunidade de estudar, brincar, ou seja, desfrutar desde a infância os seus direitos como ser humano.
    Solivaldo Duarte de Almeida

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  3. Val Cabral, o Brasil não é carente de Leis que visem a proteção dos menores. Ocorre que seria necessário mais empenho no efetivo cumprimento das normas, visto tratar-se de direitos fundamentais de pessoas que ainda precisam que outras lutem por elas.
    Paulo Sérgio Barros

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  4. Amigo Val Cabral, a lei do Brasil que oferece punição só serve para pobres, pretos e filhos de prostitutas... neste campo, crianças são escravas e quase ninguém as defende.
    Mário A. Cerqueira

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