POVO OUVIDO, MAS NÃO ATENDIDO

O assassinato de doze estudantes em uma escola do Rio de Janeiro está reacendendo no Congresso Nacional a discussão sobre o armamento no país. Fala-se em uma nova consulta popular sobre esse tipo de aparelhamento. No entanto, tal pesquisa já foi realizada há bem pouco tempo, gerou gasto aos cofres públicos e a população optou pela liberdade na compra do produto mediante critérios. A realização de uma nova pesquisa não colocaria em xeque o poder de decisão da população, mas a sua capacidade de manter seu posicionamento, além de gerar mais gasto ao bolso - já prejudicado - do trabalhador brasileiro. A deliberação sobre o desarmamento pode ser vista como prova de que a maioria é que governa, ou seja, o povo. No entanto, em outras consultas populares já realizadas no país, o poder de decisão do coletivo demora a ser aplicado. Esse é o caso da propagada Lei da Ficha Limpa nas eleições. A aplicação de decisões, mesmo aquelas tomadas pelo povo, depende da observância de outras regras de organização.