MARCHA Á RÉ NA EDUCAÇÃO PÚBLICA DA BAHIA

Uma das questões mais importantes para uma mudança radical no formato do período letivo cotidiano, a escola em tempo integral, coleciona mais retrocessos que avanços desde que essa idéia começou a ser discutida no Brasil; isto ainda nos anos 30 do século passado, quando o grande educador Anísio Teixeira colocou em pauta essa tese tão simples quanto revolucionária, defendendo que “quando a carga horária anual da educação elementar era de cerca de 640 horas, afirmava ser esse número de horas absolutamente insuficiente, propondo 1.080 horas, isto é, 180 dias de seis horas em média”. Mais tarde, aprofundando o mesmo tema Anísio Teixeira, dizia em Educação não é privilégio (1953) que “a escola primária, a qual tem um fim em si mesma e só secundariamente prepara para os níveis posteriores, não pode ser uma escola de tempo parcial, pois esta não será apenas uma escola de letras, mas de formação de hábitos de pensar e de fazer, de conviver e participar em uma sociedade democrática”. Um pouco mais adiante, na década de 60, as escolas experimentais, especialmente em Brasília e no Rio de Janeiro, começaram a alargar os horizontes desta idéia luminosa. Novo intervalo e essa proposta resurge nos anos 80, no governo do Rio de Janeiro com os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps). Mais um hiato de menos de uma década em um novo avanço, desta vez com a chancela do governo federal (1990-1992), através dos Centros Integrados de Atendimento à Criança (Ciacs) e das inovadoras fábricas de escolas. Pós-1992, essa idéia, evoluída a partir da superação de grandes obstáculos desde os anos 1930, sofre uma marcha à ré que praticamente dizimou aquelas inovadoras experiências da escola de tempo integral em termos de projeto nacional. Infelizmente, na Bahia, hoje, apesar de usada no horário eleitoral, essa idéia ainda engatinha. (Rodrigo Lima).