“Eles sempre protegem a comunidade e estão do lado da gente”. A frase seria banal se quem a pronunciou não estivesse se referindo a
traficantes. Ser identificado como “protetor” é o auge do poder bandoleiro, pois além da supremacia exercida (à bala) dentro de um perímetro urbano, essa preponderância criminosa é vista pela população como algo legítimo. Ter bandidos como heróis é o cúmulo da desesperança para os desassistidos. Abandonado à própria sorte, o cidadão passa a enxergar no criminoso “amigo” a única chance de ordenamento em sua comunidade. Locais onde o Estado não se faz presente, onde polícia, Justiça, saúde, educação, urbanidade são palavras ininteligíveis e/ou entes desconhecidos, são áreas de expansão e consolidação do poder do crime organizado. Até bem pouco tempo atrás essa era uma característica das regiões faveladas nos principais centros urbanos brasileiros, deformação quase exclusiva dos mais inexpugnáveis dentre os morros cariocas e dos sombrios favelões paulistanos. Hoje praticamente todas as principais cidades de todos Estados brasileiros têm as mesmas características repugnantes do poder gigantesco das gangues de traficantes. A frase que abre este comentário foi recolhida por uma reportagem de local, quando das entrevistas feitas com moradores do bairro Novo Horizonte. O dito se refere a uma cobrança e/ou esperança de que alguma das gangues de traficantes que dominam aquela área esquecida pelos poderes públicos venha a fazer justiça com as próprias garras, punindo assassinos de jovens ali trucidados costumeiramente. Estamos diante de uma deformidade social de grande perigo. Marginais da mais alta periculosidade, homicidas e traficantes,estão sendo escolhidos como “protetores do povo” capazes de enfrentar gente ainda mais mortífera. E isto em Itabuna, é o cúmulo do absurdo.

Mas não podemos citar só o cidadão menos favorecido, pois há outros com poder aquisitivo bem maior, que buscam na criminalidade, aventura, glamour e a sensação de poder, como os jovens da classe média e alta em delitos graves. Outros fatores contribuem como: a falta de educação, de qualidade de vida, de lazer, de oportunidades e finalmente a corrupção de políticos e de administradores públicos, que lucram com a inexistência de cultura e conhecimento do povo, além da inversão de valores, onde a polícia desacreditada, perdeu seu respeito e os bandidos passaram a serem vistos como heróis, que protegem as populações carentes e impõe seu respeito através do terror.
ResponderExcluirEnquanto acreditarmos que é bem-vinda a violência entre gangues, pois um elimina o outro, numa seleção natural, como muitos pensam, devemos nos remeter ao futuro, pois o crime organizado se projeta desta maneira, hoje é entre eles, amanhã tomará toda a cidade.
ResponderExcluirSegurança pública é um assunto sério a ser debatido pelos membros da comunidade, uma prioridade, um setor que deve ser criado o mais breve possível, com regras que devem ser seguidas independente de classe social ou intelectual, para combater a violência e a criminalidade, atuando principalmente contra tráfico de drogas, que é o câncer da sociedade e que financia o crime organizado.
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