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Câmara

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23 de junho de 2010

A COPA E SUAS PAIXÕES

Antes do início da Copa do Mundo alguns dos mais acreditados centros de cardiologia brasileiros alertaram: durante os jogos iria ocorrer uma elevação de 30% do número de infartos do miocárdio no Brasil. Ainda faziam recomendações: beber pouco álcool, evitar café em excesso e dormir. Sugeriam que os mais passionais não assistissem aos jogos do Brasil. Só não alertaram para as limitações da seleção do Dunga. Pelo primeiro jogo contra a inocente Coréia do Norte a nossa seleção com Kaká e Luis Fabiano fora de forma e sem maiores opções no banco, primou pela previsibilidade. Apresentamos uma equipe onde a rigidez do sistema tático obscurecia as outroras tão apreciadas qualidades do nosso jogador, principalmente a imprevisibilidade, a habilidade, a rapidez e a criatividade. E o nosso futebol não é isto, é muito mais o Santos de São Paulo, único time brasileiro com um padrão de futebol a moda, digamos antiga, para não dizermos, simplesmente bonita, gostosa de se ver e que além disso consegue vencer e convencer. A globalização parece que não fez bem ao futebol brasileiro: enquanto para nos habilitarmos a ganhar o hexa, sacrificamos o nosso padrão ouro de jogar futebol e nos apresentamos sem identidade, nem futebol brasileiro nem europeu, fica a dúvida: isto é somente uma opção, ou a atual geração dos nossos jogadores é de fato limitada? Mas futebol, principalmente nesta época de Copa do Mundo é antes de tudo desarvorada paixão; um fervor religioso toma conta dos torcedores brazucas e se alguém questionar o modelo adotado por Dunga, isto se transforma em heresia, em blasfêmia. No outrora fraterno “Ninho das Águias”, com os companheiros de caminhada, como simples palpiteiro fiz estas preocupadas considerações e ainda cai na besteira de elogiar a equipe de Maradona: foi como beijar Lúcifer em um culto da Igreja do bispo Edir Macedo, fui massacrado, chamado de ateu, Argentino e traidor da pátria. Será que a essência do futebol deve o ser prazer de ver o bom e o belo e que vença o melhor naquele momento, seja por talento ou por preparo, ou é indispensável que se ganhe de qualquer jeito, principalmente que perca o tradicional adversário, independente da geração privilegiada que apresente?

4 comentários:

  1. Falta educação ao povo. Falta cultura para cuspir na estrutura. Falta orgulho em ser brasileiro.

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  2. Falta paixão para muitas pessoas, e tem gente que tem demais. Os arruaceiros das torcidas organizadas, os ladrões dirigentes, tem muita coisa errada.
    Mas o brasileiro bem que poderia amar mais o Brasil.

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  3. O Brasileiro em um contexto geral, não entende ou não se preocupa em estudar o futebol. Dizemos que somos o “país” do futebol, mas na verdade, estamos longe disso, a maioria dos torcedores não sabem nem mesmo a função de um simples volante, ou quando é vantagem jogar com três zagueiros, existe apenas a cobrança em relação a “jogar bonito” e ganhar a copa do mundo, baseado em que somos os melhores, por isso temos que ganhar, o que importa realmente é que, “jogador bom é aquele que faz gol”.

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  4. Futebol, novela e religião são assuntos sempre “discutíveis”. E, nesse ponto, já considero algo interessante. Pelo menos, há o que se conversar, mesmo que de forma ordinária em termos de conhecimento.

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