Precisamos diferenciar um processo político natural de um fenômeno político. O primeiro é lógico e esperado. O segundo, surpreendente. Os processos naturais são de fácil explicação e resultam da acumulação de fatos. Já os fenômenos não seguem nenhuma lógica prévia, funcionando como uma “onda”. Um destes fenômenos ocorreu em 1986, quando, depois de mais de 20 anos de ditadura, o então PMDB conseguiu eleger todos os governadores do Brasil, à exceção de Sergipe. Na Bahia, foi eleito Waldir Pires, quebrando um ciclo de poder da direita de duas décadas. Pouco depois, em 1989, na primeira eleição presidencial direta pós-64, o Partido dos Trabalhadores (criado em 1980 e ainda um partido pequeno) quase consegue eleger Lula, que perdeu para Collor no 2º turno por apenas 4% dos votos. Por esta época, o PMDB passou por um processo acelerado de descaracterização, com dissidências que criaram um novo partido, o PSDB. Mas foi principalmente o PT que passou a ocupar o espaço de resistência deixado pelo velho MDB, empunhando a bandeira da ética e da coerência. Em 2002, mais um fenômeno: a chamada “onda vermelha”, que elegeu Lula presidente, vários governadores e senadores petistas e a maior bancada de deputados do Congresso. A partir daí, o PT começou a se descaracterizar como agremiação comprometida com mudanças, usando das mesmas práticas fisiológicas das velhas oligarquias que dizia combater. Em conseqüência, saem do partido importantes lideranças, como a senadora Heloisa Helena, que funda o PSOL. Logo depois, em 2005, surge o triste episódio do mensalão do PT, expondo as vísceras de um grupo comandado por Zé Dirceu. Na seqüência, um dos preços que o sistema exigiu para que Lula continuasse seu governo foi a completa descaracterização do PT. O PT hoje foi rebaixado ao nível dos partidos que existem apenas como instrumento da conquista do poder pelo poder. Perdeu sua alma, apequenou-se na lógica dos acordos espúrios e dos negócios escusos, onde a ética foi jogada no lixo, num país que ainda espera por sua libertação do câncer da corrupção. Parte expressiva da sociedade, contudo, frustrada com esse tipo de política e de políticos, não deseja renunciar aos seus sonhos de um mundo melhor e mais justo. Neste cenário, surge a pré-candidatura de Marina Silva à Presidência pelo Partido Verde, preparada pela vida para exercer seu papel na história com inteligência e determinação. Expatriada do PT, Marina tem o perfil de líder dessa nova era, onde mais importante que o PIB é a qualidade de vida das pessoas. Por outro lado, o Brasil tem uma missão planetária a cumprir neste momento, em que desponta como uma das potências emergentes do século 21, ao lado da Rússia, Índia e China, os famosos Brics. O nosso é um país que se destaca por suas riquezas e potencialidades, pelos seus ativos ambientais e pelas características especiais de seu povo. Depois de um século de abusos do sistema capitalista e de um consumismo desenfreado, que polui e destrói a natureza, concentrando muita riqueza nas mãos de poucos, a sociedade enfrenta os efeitos perversos desta insanidade. Como o aquecimento global, que passa a pautar a agenda mundial como prioridade máxima, na tentativa de evitar catástrofes climáticas já anunciadas. Tal desafio coloca o PV como alternativa concreta de poder no Brasil e na Bahia. A responsabilidade com o futuro exige muita ousadia para enfrentar um sistema velho e em decadência acelerada. E esta “onda verde” que começa a surgir no horizonte convida homens e mulheres de boa vontade a se levantar, pois, como toda onda transformadora, crescerá e arrastará consigo tudo aquilo que se opõe ao bem e à verdade. Não temos mais tempo a perder e nem o direito de cometer o pior dos erros: o da omissão. (Luiz Bassuma – deputado federal-PV).
É bom observar que na hora da fome, não existe comida ruim! Assim são os políticos e seus partidos. Desprezam seus ideais filosóficos, políticos, pessoais e na maioria das vezes familiares, para juntar-se a quem der mais; não importa se Deus ou o Diabo. E ainda tenho que ver e ouvir hipocrisia. Mas como cada ser humano é único, devo respeitá-los. É bom lutarmos para o voto, também, não ser obrigatório.
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