De todas as surpresas, todos os sustos, todos os becos sem saída que a vida pode nos apresentar, um dos mais impactantes é a perda de um filho. A vida segue em frente, na ordem natural das coisas. Mas, às vezes, o carro toma a frente dos bois e tomba, causando completa perplexidade. A morte de um filho é uma idéia assustadora. Vivemos com a certeza de que, depois de nossa partida, nossos filhos permanecerão para dar continuação a tudo o que deixamos pendente. A perda do filho rompe essa lógica, causando um tão profundo sentimento de vazio, de luto, que se perde a bússola, rasgam-se os mapas já traçados para o futuro. O nascimento de um filho com deficiência, para a maioria das famílias, traz o mesmo sentimento de perda. Os pais planejam: "meu filho será jogador de futebol!" "Minha filha será advogada!" "Meu filho vai ser um Don Juan!" "Minha filha será médica!" "Meu almoço de Páscoa será cheio de netos!" Quando se sente que essas expectativas poderão deixar de ser atendidas, perde-se o rumo. Um filho autista, por sua vez, traz outro tipo de angústia. Crianças autistas não têm traços que demonstrem suas características tão especiais e costumam ter um desenvolvimento aparentemente comum na primeira infância. Em torno dos três anos de idade, percebe-se que têm limitações para se comunicar, para interagir com as demais pessoas, mostram movimentos repetitivos. Nossa cultura e o conhecimento que médicos e professores têm do autismo são limitados. Assim, o diagnóstico é dado, na maioria dos casos, como se fosse uma sentença: fala-se em "incapacitante para toda a vida"! A sensação é a de uma puxada de tapete: quando tudo parecia bem, o terremoto! Os pais, caindo no luto que sucede essa notícia, encontram-se desamparados, sentem como se tivessem perdido o filho. Para piorar, a falta de conhecimento sobre autismo e os preconceitos são tão grandes que professores, mesmo de escolas especiais, evitam trabalhar com crianças autistas. Médicos e outros profissionais da Saúde se vêem perplexos; poucos buscam novos conhecimentos, a maioria evita esses pacientes, ou repete velhos chavões. As dúvidas e medos dos pais são expressos em perguntas assustadas que, muitas vezes, não têm respostas adequadas: -"Meu filho vai ser independente? Vai ler? Vai usar o sanitário? Vai falar?" Raramente se encontra alguém habilitado a afastar essas preocupações. Pessoas autistas têm dificuldades de comunicação, mas aprendem a se comunicar. Têm dificuldades para entender as intenções das outra pessoas, mas gostam de conviver com elas e podem aprender esse convívio. E muitas têm habilidades fora do comum, que compensam suas dificuldades. As pessoas autistas precisam de compreensão e dedicação. Seu processo de aprendizado é irregular, podem demorar anos para aprender a falar e dias para aprender a nadar. Muitas desenvolvem a leitura sozinhas, apenas observando os comerciais de televisão. A maioria tem o pensamento visual e memória prodigiosa; usar figuras para ensinar-lhes tem bons resultados. Ao contrário do que se imagina, pessoas autistas não são frias e sem sentimentos. Crianças autistas, em particular, são carinhosas; adultos autistas responderão ao mundo da forma como foram tratados ao longo da vida. Se toques e abraços lhes parecem sufocantes, podem, pacientemente, aprender a receber os carinhos de que precisam. Se a fala humana pode lhes parecer um conjunto de ruídos sem sentido, é preciso falar e mostrar-lhes figuras, para associarem os sons às imagens e, assim, aprender. Generalizações são sempre perigosas. Cada ser humano é um indivíduo em particular. Há pessoas autistas com grandes habilidades em matemática e outras incapazes de somar um mais um. Há aquelas capazes de discorrer horas a fio sobre Mitologia Grega, dinossauros ou carros, e outras incapazes de falar uma palavra sequer; há aquelas capazes de escrever longos discursos, mesmo sem falar. Há pessoas autistas que vivem vidas normais, trabalham, constituem famílias e criam seus filhos. Importante é entender que seu lugar é conosco, com nossos mesmos direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, a salvo da negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Uma proteção que é dever da família, da sociedade e do Estado. Assim, aproveitamos o Dia Mundial da Consciência do Autismo, decretado pela ONU há três anos, para lembrar a todos que as pessoas autistas, antes de mais nada, são pessoas. Que podem viver em sociedade, que têm esse direito. Que são nossos irmãos, dentro da grande família que é a Humanidade. (Argemiro Filho – Angela Góes).
Val Cabral
ResponderExcluirTenho um primo que possui este problema, que é uma alteração "cerebral", "comportamental"... que afeta a capacidade da pessoa comunicar, de estabelecer relacionamentos e de responder apropriadamente ao ambiente que a rodeia. E minha tia tem uma luta danada para cuidar dele. Haroldo Barreto
Prezado Val Cabral
ResponderExcluirSou fã dessa senhora Ângela Góes. Ela está sempre lutando pelas pessoas com necessidades especiais d nossa cidade e isso torna ela uma personalidade muito importnte em nossa sociedde. Estou sempre lendo as postagem que ela envi para este seu blog e lamento que não haja mais gente com este perfil em Itabuna.
Luiz Carlos M. Costa de Lima
(Luiziho)
Meu filho é uma criança especial e na aula dele tem autista, são crianças individuais q não gostam de estar em grupos, são + quietas e algumas tem mais dificuldade criam um mundo só p/ sí. Solange
ResponderExcluirSempre achei que autistas e pessoas portadoras de sindrome de down não possuem qualquer 'alteração'fora do padrão, na verdade tem sim uma sensibilidade maior que a maioria 'normal' - se é que é possível usar uma palavra destas.
ResponderExcluirAs crianças são assim, sensitivas e é incrivel que quando a gente cresce deixa 'ela' ir embora com os padrões criados.
bjo! Lia
É isso aí Val cabral... ótimo ver o autismo sendo divulgado, precisamos muito de conscientização da sociedade sobre esta síndrome tão peculiar (características variáveis, vários graus de comprometimento, não detectável em exames, nenhuma característica física). Marlene Barros
ResponderExcluirGostei muito vcs estao d parabens quero saber todas novidades sobre autismo.
ResponderExcluirVal Cabral, tenho um sobrinho que é autista. Até descobrirmos que ele era autista nãu conheciamos nada da doensa, mas assim que decobrimos comesamos a buscar conhecimento sobre a concrusão que chegamos e que essas pessoas portadoras sam pessoas muito inteligentes e interesadas. Não sam pessoas diferentes mas sim precisão de um mundo só deles para viver, parabens por esse espaso de voces. Mirian
ResponderExcluirPARABÉNS PELA ARBORDAGEM DESTE TEMA. VALEU MESMO!!! REINALDO SANTOS
ResponderExcluirOh! pessoal é com muto prazer encaminho artigos de companheiros nosso, que vivem no seu cotidiano a realidade das pessoas com com algum tipo de deficiencia; agradeço os comentarios dirigidos à minha pessoa.
ResponderExcluirO Autismo é uma deficiência complexa, que se manifesta de variadas formas e pode causar bastante desconforto para os que tem e para os que cuidam deles.
Também é pouco compreendido. Mas, como nós aprendemos mais, torna-se claro que todas as crianças e adultos com autismo podem levar uma vida plena e significativa na sociedade. Para isso, eles só precisam de maior compreensão e apoio.
Pessoas com deficiência tem uma dupla carga. Eles enfrentam os desafios diários de sua condição e também as atitudes negativas da sociedade, como apoio insuficiente e a discriminação.
A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que entrou em vigor em maio de 2008, é uma ferramenta poderosa para corrigir essas injustiças.
Nesse dia Mundial de Consciência sobre o Autismo, é a oportunidade de conclamar a todos os Governos (3 esferas)a reafirmar seu compromisso para tornar os Direitos Humanos Universais uma realidade para todos os que vivem com Autismo. Vamos pesquisar e trabalhar juntos por uma sociedade justa e inclusiva para todos.
Agradeço,
Angela.