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22 de março de 2010

EM ENTREVISTA AO CORREIO, GEDDEL DIZ POR QUE DISCORDA DE WAGNER

Para o ministro da Integração Nacional e pré-candidato ao Governo do Estado, Geddel Vieira Lima, 51 anos, a gestão do PT na Bahia caminha administrativa e politicamente na contramão do governo Lula. Deputado federal pelo PMDB, administrador de formação, Geddel visitou esta semana a redação do CORREIO e conversou com o editor-chefe Sergio Costa, o editor-executivo Oscar Valporto e o editor-multimídia Gustavo Acioli. NÃO É CONTRADITÓRIO FAZER PARTE DO GOVERNO LULA NO CENÁRIO NACIONAL E SER OPOSIÇÃO AO GOVERNO DO PT NA BAHIA? Não, porque no plano nacional o presidente Lula faz um governo dentro das expectativas administrativas que nós defendemos em praça pública. Ele mantém uma relação política respeitosa em relação aos seus aliados e aqui, não. Nós discordamos frontalmente da administração que o governador (Jaques Wagner) faz. Achamos que a Bahia poderia ter mais, estar avançando administrativamente em vez de perder espaço. E também na relação política. Eu acredito no presidente Lula e deixei de acreditar na capacidade do governador liderar nosso Estado num processo de desenvolvimento em ambiente tão competitivo quanto o do Nordeste. WAGNER DISSE AQUI QUE CABIA AO SENHOR EXPLICAR AS RAZÕES DO ROMPIMENTO COMO GOVERNO. Uma das razões é a constatação da absoluta incompetência administrativa do governo que ele lidera. As outras são as incoerências políticas manifestas desde o primeiro dia, quando ele buscou juntar-se a quem não esteve no palanque defendendo a sua eleição.O governador, um homem muito gentil e cordato na aparência, temo hábito de parecer que ouve as opiniões, mas não implementa absolutamente nada. NÃO VAI SER DIFÍCIL EXPLICAR QUE APOIA O 13 (DO PT) NO CENÁRIO NACIONAL E COMBATE O 13 AQUI? Não vejo porque essa ideia de verticalização. Não cabe mais no Brasil. O presidente tem dito isso de forma muito clara: acabou o tempo do terrorismo eleitoral. Vale muito mais a competência e a capacidade do que a parceria. Não há espaço para se tratar esse tema sobre a ótica da amizade. José Serra e Aécio Neves, governadores de oposição, conquistaram muito mais do que a Bahia junto ao Governo Federal. O governador de Pernambuco (do PSB) está transformando o Estado num canteiro de obras. A mesma coisa no Ceará (PSB). Mesmo que os únicos investimentos na Bahia sejam do Governo Federal, eles acabam sendo pouco pela inapetência do governador em suas reivindicações. O que está sendo bom para o Brasil, não está sendo bom para a Bahia. E é isso que a população vai julgar e vai decidir. ESSAS DESAVENÇAS NA CAMPANHA ELEITORAL AQUI NÃO PODERÃO COMPROMETER, NO PLANO NACIONAL, A ALIANÇA COMO GOVERNO FEDERAL QUE LHE GARANTIU O MINISTÉRIO? Não vejo por que. Eu acho que nossa posição é benéfica para a candidatura da ministra Dilma Rousseff, na medida em que nós teremos em nosso projeto pessoas que se associarão ao projeto da ministra. Se só houvesse o palanque do atual governador, essas pessoas poderiam buscar outras alternativas. QUEM SERIAM ESSES? O PTB, o PSC, os partidos com os quais estamos conversando. O presidente fez um apelo pela união do PT e do PMDB aqui? Não. O presidente nunca tratou objetivamente deste assunto. EM JUAZEIRO ELE FALOU SOBRE ISSO? Não. Em Juazeiro, ao responder à pergunta de um jornalista, ele disse o óbvio: que se sentia de certa forma incomodado com a divisão e que gostaria que na Bahia, como em todos os estados brasileiros, pudesse se construir uma unidade entre os partidos que lhe dão sustentação. Mas reconhecia que existiam também peculiaridades regionais que por vezes impediam a realização deste desejo natural. A Bahia é uma dessas áreas. O SENHOR SUBIRIA NO PALANQUE COM WAGNER NUM SEGUNDO TURNO? Eu estou tão otimista que seria melhor você perguntar se ele subiria comigo. Eu vou estar no segundo turno. E A POSIÇÃO DO SENADOR CÉSAR BORGES? TEM HAVIDO CONVERSAS PARA ATRAI-LO PARA SUA CHAPA? Eu sempre converso com o senador César Borges. Ele é meu colega congressista. Mas nossa avaliação é que ele está próximo de uma aliança com o Partido dos Trabalhadores. É esta a sensação que nos passa e eu não vou participar deste processo de especulação, de levantar a bola para alguém cortar. O VICE-PREFEITO EDIVALDO BRITO SAI PARA SENADOR NA SUA CHAPA? É um bom nome, respeitado, e que pode estar conosco nesta campanha. É uma pessoa de origem muito humilde, com uma trajetória muito significativa, e que nós levamos em conta para a formatação da chapa. HOUVE UM CONVITE? Temos conversado. Mas ao contrário do que pode parecer ou do que falam sobre mim, eu estou muito abraçado à paciência agora. Paciência, calma, tranquilidade. Cada dia com sua agonia e a agonia da chapa ainda tem tempo para ser resolvida. Temos até a convenção de junho. Claro que eu não quero esperar até lá. Pretendemos antecipar isso para logo depois da desincompatibilização. O SENHOR JÁ CONVERSOU COMO PRESIDENTE LULA SOBRE SUA SAÍDA DO GOVERNO? COMO FICA O MINISTÉRIO NA SUA AUSÊNCIA? A idéia dele é fazer uma única solenidade para a substituição de todos os ministros e a nomeação dos secretários-executivos. Isso é mais uma vez demonstração de sabedoria do presidente. Porque a partir da desincompatibilização ainda haverá seis, sete meses de governo e a opção por alguém que não estivesse dentro da máquina poderia significar atraso em projetos importantes que estão em adiantamento. A NOMEAÇÃO DO SEU SECRETÁRIO-EXECUTIVO DEIXA UMA PORTA ABERTA PARA O SENHOR EM CASO DE VITÓRIA DA MINISTRA DILMA E UMA EVENTUAL DERROTA PARA O GOVERNO DO ESTADO? Não estou trabalhando com essa perspectiva. Na democracia, quem ganha, governa e quem perde aplaude e vai fazer oposição. Se eventualmente eu for derrotado, encontrarei outros meios de servir ao meu Estado que não seja somente ter um espaço no Governo Federal. COMO A PREFEITURA EM 2012? Aí já é um horizonte muito grande para a gente especular. Antes, eu preciso fazer meus exercícios e cuidar da saúde para chegar lá vivo. O EX-GOVERNADOR PAULO SOUTO, DE UMA FORMA, E O GOVERNADOR JAQUES WAGNER, DE OUTRA, FALARAM AQUI AO CORREIO QUE O TEMA DESTA CAMPANHA DEVERÁ SER EM TORNO DA SEGURANÇA. O SENHOR CONCORDA COM ISSO? É um tema importante, assim como educação, crescimento econômico e eficácia da arrecadação na Bahia. A eleição terá muitos temas palpitantes e segurança será um deles, como a questão da saúde, do emprego… Essa falácia que o Estado criou 170 mil empregos, tudo isso vai entrar no debate. Não só no diagnóstico crítico, mas também como dever dos candidatos de apresentarem suas propostas, seus rumos e alternativas com clareza, de forma factível e sem megalomania. PARA O SENHOR, ENTÃO, SEGURANÇA NÃO SERÁ O TEMA CENTRAL DA CAMPANHA? Será um tema importante. Mas acho que, por exemplo, a clara perda de competitividade do nosso Estado também será um tema importante. Se você considera que a Bahia até pouco tempo atrás era o carro-chefe na tomada de financiamentos do BNDES e não é mais, isso sinaliza que nós vamos ter uma perda gradativa de nossa participação no PIB. Se você leva em conta dados concretos que a Bahia já é o Estado que menos temtido transferências voluntárias no Nordeste, isso significa incapacidade de gestão na busca de recursos federais. São temas palpitantes que vão sinalizar para o futuro, para qual Bahia nós queremos. Essa vai ser a grande escolha a ser feita. Teremos três candidaturas: uma representa a volta ao passado. Outra, a preservação do presente, que deixa a desejar na gestão pública. E uma que sinaliza para a ousadia, para o futuro, para a esperança. Alguém que ainda não teve chance de governar o nosso Estado. É esse o debate que eu vou tentar conduzir. UMA TERCEIRA VIA PARA A BAHIA? Não é uma terceira via, é uma terceira candidatura, que se colocará como uma proposta real, concreta, alternativa aos eleitores da Bahia. O SEU GRUPO PARTICIPOU DO GOVERNO DURANTE DOIS ANOS. EM QUE MOMENTO O SENHOR PERCEBEU OS PROBLEMAS QUE AGORA APONTA COMO CRÍTICOS NA GESTÃO? Do ponto de vista político, foi logo no início e as questões foram levadas ao governador. A aliança foi realizada com um projeto político: derrotar a figura do senador Antonio Carlos Magalhães. O senador hoje é uma figura para a história, mas naquele momento político, a avaliação era de que a Bahia precisava de uma renovação nos métodos. Logo no início do governo, Wagner, em nome da governabilidade, atingiu lideranças políticas do PMDB e nomeou pessoas ligadas ao governo anterior, já pavimentando essa aproximação política. Eu o alertei inúmeras vezes também sobre a aproximação que foi feita com o PSDB. Esse partido, por razões óbvias, não estaria em 2010 no mesmo projeto conosco. Ele insistia. A ponto de negar a obviedade da política quando ofereci o apoio do PMDB para o PT presidir a Assembleia. Disse que se eles não queriam, o PMDB, como segunda bancada, reivindicava o cargo. Optaram por apoiar o PSDB que, como eu cantei, não está no projeto político nem nacional, nem no Estado. E NO CAMPO ADMINISTRATIVO? Colocamos de forma clara as divergências e chegamos, o que é raro, a entregar a ele um diagnóstico, um documento das áreas que nos cabia dirigir, a Secretaria de Indústria e Comércio e a Secretaria de Infraestrutura. Sabe qual foi a resposta publicada nos jornais? “Não tive tempo de ler”. Uma resposta desrespeitosa e, sobre certos aspectos, que mostrava pouca preocupação com a contribuição dos aliados. Diante disso, nós tomamos uma iniciativa que é louvável, sobretudo num lugar onde se fala tanto em fisiologismo na política. Não me lembro de quem tenha comandado um processo de entrega de cargos num governo que ajudou a construir para ousar na apresentação de um novo projeto. E COMO O SENHOR VÊ ESSA APROXIMAÇÃO DO GOVERNO WAGNER COM NOMES LIGADOS HISTORICAMENTE AO CARLISMO? Como piada, eu poderia lhe responder que quem devia comentar isso era a Zete. Foi ela que, na propaganda eleitoral, saiu combatendo a chamada “panelinha”. Do ponto de vista político, do ponto de vista real, o único comentário que posso fazer é que não aceitarei essa idéia que o governador tenta passar de que faz essas alianças em nome de um projeto político. É legítimo que ele busque as alianças que quiser. Inclusive com aqueles que ele considerava representantes de um sistema que deveria ser demonizado e combatido. Mas que tenha a coragem de dizer à sociedade que as alianças se sustentam não em um projeto administrativo e político, mas sim para manter o poder pelo poder e ganhar a eleição a qualquer custo. A PREFEITURA DO PMDB AQUI EM SALVADOR É UMA BOA VITRINE PARA SUA CANDIDATURA? Poderia ser melhor. O prefeito João Henrique tem feito esforços, evidentemente, mas cada um tem sua característica de gestão. Nós demos nossa contribuição. Tem muitas obras feitas em parceria com o Governo Federal, com o presidente Lula e o Ministério da Integração Nacional. Tem ônus e bônus. QUAL O ÔNUS QUE A PREFEITURA DE SALVADOR LHE TRAZ? Não estou falando para mim, e sim para o prefeito. Eu vejo críticas na questão do transporte público, não concluiu a questão do metrô, tema questão do trânsito, óbvio. São críticas que refletem no prefeito, no partido que ele está filiado e é claro que refletem em mim. Mas a vida é como ela é. QUE NOTA O SENHOR DARIA À GESTÃO DO ATUAL PREFEITO? Não sou professor, não. Não sou de dar nota, não (risos).

2 comentários:

  1. Gedel é um Judas de primeira grandeza… não vale o que come.

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  2. Não se iluda com Geddel. Ele tem os mesmos pensamentos e ações que tinha o velho Maldade ACM. O povo baiano está de olho em Geddel. Geddel sempre sofreu com ciúme e inveja doentia por ACM. Geddel usa a mesma técnica que ACM Maldade usava, ele tem que está em todos os governos virgentes...No final de 2010 vc verá com quem Geddel estará.

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