ITABUNA TEM JOVENS ESCRAVOS DAS DROGAS – Há quinze dias estávamos trabalhando para concluir esta matéria. E desnudamos o trafico de drogas envolvendo menores na cidade. R$ 50, no mínimo; R$ 250 esporadicamente. Nos finais de semana, feriadões e noites de shows, esses valores podem atingir a cifra dos R$ 500. Esse é o valor que um adolescente traficante chega a faturar por dia em Itabuna, segundo o que dizem para o repórter policial Osvaldo Bispo (meu colega de Rádio Difusora), muito acima da renda de muitos trabalhadores assalariados. Atrativo, o dinheiro fácil ilude, mas está diretamente associado às estatísticas da violência em Itabuna. Segundo uma das assistentes Sociais da Prefeitura de Itabuna, que pediu anonimato, a situação destes adolescentes, com idade média de 15 anos, vai muito além do contexto familiar pertinente ao mundo do tráfico de drogas na cidade, que envolve inclusive grande participação de mulheres. A reportagem buscou mais informações sobre a inserção dos adolescentes no universo das drogas. “Escravos do tráfico”. É assim que a assistente social resume a situação do adolescente que comercializa drogas. Embora a definição pareça “protetora”, é preciso aprofundar o contexto que explica o ciclo do tráfico entre os menores. Associadas ainda às camadas sociais mais pobres, ele defende que o fator econômico não justifica, mas tem forte ligação com as estatísticas. A ilusão do dinheiro fácil e da matemática “sedutora” atraem o adolescente. No caso do crack, por exemplo, cada porção custa R$ 5 e pesa 0,3 gramas. Já a porção de cocaína, que pesa em média 0,5 gramas, custa R$ 10. A cada três porções vendidas, o adolescente ganha uma. Essa recompensa pode ser utilizada de duas formas: ou através do consumo ou por meio do valor em dinheiro. “Na verdade os traficantes preferem que seus “vendedores” não usem os entorpecentes para não atrapalhar os negócios”. Mas independente da destinação da recompensa, o problema se agrava quando a droga é apreendida pela Polícia. “Ele tem que pagar a quantia devida, mesmo que tenha sido detido”. Pelas investigações, a Polícia constata que muitos até desistem do caminho do tráfico, mas se vêem “obrigados” a continuar vendendo entorpecentes apenas para pagar as dívidas. “É neste momento que ele se torna mais um “escravo” do tráfico. Ele não “trabalha” para o traficante para ganhar, mas apenas para pagar dívidas”, explicou. Esse ciclo também ajuda a explicar o aumento de outros tipos de ocorrências, como os furtos, por exemplo, outra saída criminosa para pagamento de dívidas ligadas ao tráfico. Com base neste ciclo, a assistente social sustenta que não existem pontos críticos do tráfico entre os adolescentes em Itabuna. Há bairros da periferia que são marginalizados, mas segundo ela, o problema está literalmente espalhado pela cidade. Muitos pais, principalmente os que têm filhos adolescentes, se assustam quando se deparam com essas notícias, mas além da educação, é preciso estar atento aos sintomas do envolvimento com o tráfico. Segundo nossa entrevistada anônima, muitas famílias se atentam aos sinais do consumo de drogas, mas ignoram os indícios do tráfico. “Muitos adolescentes apenas vendem drogas e acabam não tendo mudanças no comportamento”. Por isso, uma das dicas é estar atento ao dinheiro ou objetos adquiridos através de dinheiro com procedência duvidosa. “A família deve questionar a origem do dinheiro, verificar a companhia dos filhos, além dos horários. Acima de tudo, o diálogo continua sendo o principal instrumento de educação dos filhos, desde os primeiros anos de vida”, completou.
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