Certas notícias despertam pouca atenção em Eunápolis, por fazerem parte da normalidade deste país. Os eunapolitanos se acostumaram a elas, no fundo não esperam mais outra coisa. Mas são notícias que em mim continuam despertando incompreensão e cólera. Creio que apoiar e votar em bandido do colarinho branco, é um despautério tão nocivo, quanto a cumplicidade nas fraudes do erário que falta para a saúde e por isso muita gente tem morrido.
Quando
as conto aos meus familiares e conhecidos na Alemanha, Suiça, Canadá, Japão e
outros países, em geral me perguntam, cheios de perplexidade: "E essa
gente ainda está no poder? Eles não renunciam por conta própria, quando algo
assim vem à luz? Ou são forçados a renunciar?" Aí eu sempre digo: "É
pior ainda, porque essa gente é até eleita vez após vez. Parece que seus
eleitores, de certa maneira, os admiram."
Políticos
como o prefeito de Eunápolis, Robério Oliveira (PSD), desperdiça dinheiro
público, o furta e até o gasta com fins que deveriam ser pagos por eles mesmos:
Robério abasteceu seus trios elétricos para viajarem para outras cidades, com
diesel da prefeitura. Para políticos assim, corrupção é perfeitamente normal, fundam
impérios e não representam o povo e sim um negócio de família, mantido com o
dinheiro público.
E
enquanto isso, muitos se perguntam: por que nossa política nunca muda? Por que
algumas famílias acumulam riquezas, trios elétricos, rádios, postos de
combustíveis e bens inimagináveis, enquanto a maioria da população vive no
limite da pobreza? Por que os eunapolitanos permanecem apoiando e votando em
candidatos, que jamais deveriam ter saído da cadeia?
O
caso é emblemático e políticos da estirpe de Robério Oliveira, não entram para
a política com a intenção de melhorar algo para a população, fazer algo pela
educação, geração de emprego e renda, assistência social, proteção ambiental e
saúde do povo, mas para usufruir pessoalmente dos privilégios que o
disfuncional sistema político do país garante.
Na
Suíça, por exemplo, onde reside meu filho Pedrinho, os políticos eleitos são
também chamados representantes do povo. No Brasil, eles são representantes de
si mesmos e de seu clã. Os únicos que poderiam mudar esse sistema são os
próprios políticos, e estes não vão mover uma palha para limitar os próprios
privilégios. Eles vivem como pinto no lixo, desfrutam de restaurantes, hotéis e
viagens caros; aquisições de bens pessoais, pagos pelo contribuinte.
O clã
Oliveira é perfeito representante do neofeudalismo na região do extremo sul
baiano: Robério em Eunápolis, Cláudia em Porto Seguro e Agnelo em Cabrália, são
investigados, processados e condenados por corrupção, e dos quais ninguém até
hoje sabe o que é mesmo que fazem na vida, além de suas carreiras políticas.
Tenho
certeza de que no próximo pleito os baianos vão reeleger Lula, Wagner, Rui,
Cláudia e os deputados e senadores que já elegeram em eleições passadas, embora
a Justiça os esteja processando por corrupção, lavagem de dinheiro, fraude e
numerosos outros delitos.
Essa é a “gente de bem” da Bahia. Gente que representa a suposta elite política e econômica deste estado. E os baianos a elegem. Repetidamente, a cada quatro anos. Já há décadas. Por isso acho que muitos se identificam com eles. Também gostariam de enriquecer à custa da coletividade e de burlar a Justiça. Como nenhum outro, Robério contribuiu com seu nepotismo, suas mentiras e sua moral dupla para essa decadência moral generalizada. E seus eleitores e apoiadores são sustento dessa ópera-bufa!
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