Algum um dia declarou que "toda a nação tem o governo que merece" e essa é uma verdade que ganha o seu pleno sentido quando vivemos em democracia. Somos nós que votamos, ou que nos abstemos, que, em qualquer caso, elegemos quem nos governa: ou porque votámos em quem constitui governo e nele confiamos; ou porque votámos em quem não constituirá governo, mas confiamos no regime democrático para respeitar a nossa representatividade; ou porque não votámos e, de facto, não cumprindo o nosso dever perdemos também o direito de protestar, sem deixarmos de ser governados por quem permitimos que governe.
Dirão que um voto pouco vale… Ao que responderei que é
cada voto e todos que elegem os futuros governantes. Além disso, o mais
legítimo e amplo critério de ação cívica, é o de avaliarmos se a nossa ação
individual poderia ser comum a todos os nossos concidadãos: se decido votar,
pergunto-me se todos decidissem o mesmo, votar também, como seria a sociedade?
Obviamente, mais fortemente democrática. Perguntemo-nos o inverso: se decido
não votar, e todos decidissem o mesmo, não votar também, como seria a sociedade?
Obviamente, acabaria a democracia. Não é, pois, difícil saber como agir corretamente,
nem tão pouco compreender a verdade da afirmação que, em democracia, o povo,
como coletivo, “tem o governo que merece”.
Neste contexto, torna-se igualmente evidente a
importância dos critérios que decidem o sentido de voto. Há quem goste de votar
no partido que já se espera que ganhe para reforçar a maioria. Há quem goste de
votar no partido que já se espera que perca para reforçar o pluralismo e a
representatividade. Há quem vote com o dogmatismo de um adepto de futebol, nunca
mudando o sentido de voto, independentemente de quaisquer circunstâncias. E há
quem vá fazendo circular o seu voto – tal qual jogo de cadeiras em que se ocupa
a que está mais perto quando a música termina –, recaindo o seu voto no partido
com que se simpatiza naquela semana ou dia.
Compete a cada um dos eleitores formular o critério que o leva a eleger um partido em detrimento de outro. E há quem vote efetivamente pelo programa que os partidos apresentam como proposta de desenvolvimento da sociedade e há quem justifique o seu voto pelas gravatas de um candidato, ou porque tem um cão em casa. De todos os votos somos responsáveis, como seremos por não votar.
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