Nunca julgue pela aparência, porque os olhos enganam |
Atualmente,
sofremos uma pressão muito grande uns dos outros para corresponder àquilo que
se julga adequado ao que a sociedade impõe. Buscamos no outro a estética
perfeita, o peso ideal, a roupa adequada, o comportado conveniente. Olhamos
para nossos pares sem a condescendência necessária aos erros que também
repetimos, buscamos perfeição, uma imagem imaculada. Mas, imaculada do ponto de
vista de quem? Do ponto de vista de quem se atreve a impor rótulos em um mundo
tão plural. Essa pressão para sermos aceitos de acordo com os padrões, muitas
vezes funciona e nos leva a uma busca insana pela igualdade de condições, mesmo
em meio a tantas diferenças. Esses padrões respondem a interesses diversos,
menos daqueles que tentam ser únicos, individuais. Diante desse ciclo, como não
olhar para o outro a partir da sua parecença, do seu disfarce e ver muito além
do que o exterior é capaz de mostrar? Quantos de nós não nos surpreendemos com
o caso Suzane Von Richthofen e chegamos a pensar: tão bonita, como faz uma
coisa dessas? Quantos de nós não falamos numa linguagem mais infantilizada com
alguém que usa cadeira de rodas por achar que a capacidade motora tem a ver com
a capacidade intelectual? Quantos de nós não confiamos cegamente em alguém que
se veste “bem” simplesmente por esse motivo? Quantos de nós não nos sentimos
superiores por termos menos melanina que outras pessoas? Onde reside nossa
capacidade de olhar e ver? É muito pesado reconhecer que a aparência dita
regras e que somos guiados pelo que vemos, mas acontece muito. Talvez seja mais
fácil, menos trabalhoso olhar o externo sem nos preocuparmos com a essência.
Quando nos damos ao trabalho de olhar o íntimo de alguém vemos características
que são nossas também e isso pode incomodar. Analisar, julgar, prever o outro
pela casca é mais simples e menos profundo, mas também nos priva de conhecermos
os universos que habitam em cada sujeito, nos boicota ao não nos permitirmos
dividir boas experiências e pequenas frustrações. Assim, é preciso coragem para
enxergar além do óbvio, é preciso ousadia para se deter àquilo que é essencial,
é preciso discernimento para ver no outro características que podem nos
perturbar, mas, acima de tudo, podem nos ensinar.
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