O Brasil não vai parar, se o povo não parar |
Muitos reclamam da inércia popular diante do caos
e até chegam a culpar o povo por não reagir. A justificativa para tal postura,
talvez seja fácil ou impossível, já que a demonstração da falência do sistema
político está se dando de modo impactante, e com elevada carga de choques e
contradições, muito mais pela insistência decorrente do protagonismo isolado de
alguns do que por uma construção paulatina envolvendo reação popular e
sequência de fatos decorrentes da pressão das massas. Tal choque, a evidenciar
vícios comuns a atingir montantes elevados das representações políticas, deixou
o povo muito mais pensativo do que incitado a reagir nas ruas de modo decisivo.
Antes havia uma aparência de funcionalidade mínima desse mesmo sistema, hoje
esgotado e sem rumo, e o povo parece querer, perigosamente, que o mesmo seja
depurado pelos próprios vícios para só depois intervir. É simples: sem acenos
razoáveis de resolutibilidade pelas vias que ainda restam do sistema, o povo
parece querer apostar mesmo no calendário eleitoral, claro, sem retirar os
olhos da crise no sistema, que, infelizmente, quanto mais cresce, menos garante
a visibilidade e a viabilidade do novo e hoje funciona como máquina de
aniquilação do presente e também do futuro. Trocando em miúdos, o povo, em
razão da guerrinha de sujos pela salvação a qualquer custo, vive um
constrangimento inevitável que pode acabar retirando alguns espertos da
merecida vala comum dos iguais. Tristemente, isso também é fato: corremos o
risco de assistirmos a necessária depuração ser substituída por saídas
salvacionistas e alienígenas como a que foi recentemente, e vergonhosamente,
protagonizada pelo TSE. Estamos tentando conduzir o barco até a margem (2018)
usando “durepoxi” para tentar tapar o rombo no casco e impedir o naufrágio
antes de chegarmos à praia, mas esquecemos que já caminhamos na praia,
inocentemente, rumo à tragédia da falta de opções quando mais precisamos dela.
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