NEM TUDO É FESTA E ALEGRIA NO CARNAVAL

Infelizmente, nem tudo são flores na conturbada época carnavelesca brasileira. Por todo o país, a festa é embalada por ingredientes dos mais diversos e perniciosos, variando das drogas ilícitas como lança-perfume e ecstasy ao consumo exagerado de álcool e estimulantes energéticos de toda espécie. Esse coquetel de alta combustão atua diretamente no cérebro, levando seus usuários a comportamentos violentos e inesperados, normalmente amplificados pelo som em volume excessivamente alto. Os resultados se mostram em forma de confusões, brigas e agressões, transformando a folia numa praça de confronto em que todos saem perdedores. Da época em que o carnaval era visto como uma ocasião para descontrair e brincar com os amigos, só ficaram lembranças. O saudosismo das marchinhas alegres e sem malícia de outrora foi substituído por letras de "músicas" extremamente erotizadas, impregnadas de sensualidade. Os atuais "hits" carnavalescos mais badalados são aqueles em que a figura feminina se coloca em evidência, expondo seus atributos físicos com roupas insinuantes e performances libidinosas, do tipo "na boquinha da garrafa", "estilo rebolation" e outras em que o sinônimo de liberdade passou a ser a libertinagem. Nos desfiles das grandes escolas de samba com cobertura pela mídia internacional, mulheres seminuas em coreografias sensuais e poses libidinosas diante das câmeras, transformam a beleza dos carros alegóricos em mera exposição gratuita e desnecessária do corpo feminino. Com o agravante que esse comportamento tornou-se corriqueiro em todo o país, encontrando pouca ou nenhuma resistência por parte dos pais, responsáveis diretos pela formação moral de seus filhos. Porém, essas situações são os extremos de um comportamento recorrente, em se tratando de folia carnavalesca. Na maioria dos casos, o carnaval é uma época de alegria sadia e convívio harmônico entre as pessoas. Ainda existem muitos cidadãos que preferem a tranquilidade e a paz e se dispõem em preservar o verdadeiro espírito do carnaval. Que inclui a descontração e a comemoração pura e simples como uma forma de extravasar sentimentos, sempre respeitando os limites do bom senso e os direitos de seu semelhante. E que simplesmente fazem desses dias de festa popular uma época para ignorar literalmente a folia, procurando opções diversas para aproveitar os dias de descanso forçado. A programação pode incluir um retiro espiritual, um passeio no campo com os amigos, uma viagem com a família. É uma ocasião propícia para recarregar as baterias da paciência e da boa convivência. E viver dias de um verdadeiro rei ou rainha, tomando o cuidado com os excessos gastronômicos de forma politicamente correta para não correr o risco de se assemelhar no futuro, com a opulenta silhueta daquele que inspirou essa tão alegre e ingênua folia. Então, vida longa ao rei.