Anda circulando nos meios de comunicação uma nova campanha de combate ao uso do crack. Nada mais simplista. Nela, os pais são perguntados se já conversaram sobre determinados temas com seus filhos. A resposta é sempre sim. Mas, quando a questão é se já conversaram sobre o crack, os pais ficam encabulados e dizem não. E a propaganda se encerra dizendo que há saída para o uso do entorpecente. A sensação deixada no final da peça publicitária é que basta simplesmente falar sobre os perigos das drogas em casa e... pronto, tudo resolvido! Com a disseminação da informação no meio cibernético em tempo real é de uma inocência acriançada acreditar que nossos jovens não saibam dos perigos da dependência química. As perguntas feitas aos pais na referida campanha deveriam ser as seguintes: vocês já se colocaram em oração - independente da religião, ou mesmo na ausência dela - junto com os seus filhos? Já abriram em família espaço para partilhar as angústias e dificuldades? Vocês lutam para construir um lar ou simplesmente vivem juntos como numa espécie de hotel? São questões sérias, cuja vivência em família prepara os jovens para o enfrentamento dos desafios - vitórias e derrotas –, evitando seu ingresso no submundo das drogas. Mas fazer referência a valores, a Deus ou a questões religiosas não entra em pauta na promoção das campanhas oficiais. É como se os cidadãos não tivessem dimensão religiosa. Agora, a pergunta que não pode calar: há como botar fé nesse tipo de publicidade? Não adianta querer trabalhar a prevenção contra o uso de drogas sem abordar todas as dimensões do ser humano. Há uma música da banda Catedral intitulada “o sentido” cujos versos dizem: “em seu coração mora um abrigo, mas está vazio, corre perigo...”. Ninguém procura ou continua na dependência química por ausência de informação. Procura porque lhe falta algo, há uma ausência de sentido, cujo uso das drogas faz esquecê-la. Da mesma forma, o tratamento dos usuários químicos somente logrará melhores resultados com um apoio multidimensional, onde a dimensão espiritual não seja negligenciada. Pois, o homem que adoece é aquele que traz no coração a sede de infinito.
As duas estratégias passam ao largo da única forma de se combater o flagelo.
ResponderExcluirRefazer o senso da vida com uma mudança na concepção de nossa existência.
Combatendo o nazi-fascismo enrustido que cada um de nós carrega em nossas pulsões de morte e de vida.
Daí a uns 50 anos, não teríamos mais nenhum tipo de flagelo.
O Brasil tem um Sistema Único de Saúde que é universal e ainda tem este impasse sobre este problema de saúde que afeta pessoas mais carentes (as mais ricas, ainda que temabém tenham o problema, tem acesso maior a tratamento, aparentemente).
ResponderExcluirParadoxalmente, os Estados Unidos, país que não possui um SUS, derrotou uma epidemia similar 20 anos atrás. Acho que deveríamos estudar mais a experiência deles.
Também deveríamos estudar mais a experiência do Japão, país com a mais bem sucedida política contra as drogas, com apenas 2,9% tendo experimentado na vida, contra índices maiores que 20% em quase todos os países desenvolvidos, 11,6% no Brasil.
Nos Estados Unidos a pessoa vai presa se beber na rua, ou se der bebida a um menor de 21 que não o próprio filho. E aqui o álcool produzia efeitos similares ao crack a tempos, sem nenhum combate eficaz. Aqui se dá amostra de vinho em supermercados, nos EUA é proibido (tem que pagar algo, nem que seja simbólico). Muito pertinente a tua colocação.
ResponderExcluirMais um higienista querendo medidas draconianas contra o álcool e o tabaco. E o post? “tudo começa com uma inocente cervejinha e um cigarrinho no final do expediente ou no intervalo da aula no barzinho em frente a faculdade e dai pra outras drogas e em fim o vício fatal”... Beira o surrealismo. É preciso parar essa gente! A sociedade precisa conscientizar-se que esse pessoal não tem limites.
ResponderExcluirVocê não discordou praticamente nada do que eu disse. Eu concordo com praticamente tudo que você falou e sou favorável à liberação total das drogas, desde que consumidas de modo privado. Os Estados Unidos consomem praticamente o mesmo de álcool que o Brasil, mas são um país muito mais rico, e poderiam consumir muito mais. A proibição do consumo público me parece que ajuda a criar uma "invisibilidade" da droga, que pode ser que afaste as pessoas do consumo dela. Eu penso que se uma das medidas do país (a "guerra às drogas") é equivocada e não pode ser apoiada, isso não quer dizer que todas sejam.
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