A FAMÍLIA NOS ENSINA A SER PESSOAS

Aproveitando a recente comemoração pela passagem do dia dos pais, gostaríamos de refletir sobre a família e sua vocação. Podemos analisar a família a partir de diferentes lugares. Cada campo do saber – psicologia, antropologia, sociologia – apresenta uma leitura daquilo que seja a realidade familiar. Depurando as ideologias, todos esses conhecimentos são válidos e nos auxiliam na compreensão das transformações sofridas por essa instituição. No entanto, para nós cristãos, a família não é simplesmente uma realidade humana. A relação homem e mulher e os filhos advindos daí constituem uma realidade sagrada, somente devidamente compreendida à luz da revelação divina presente nas Sagradas Escrituras e na Tradição cristã católica. A família no projeto de Deus tem uma missão fundamental. Primeiramente, a família é o lugar onde homem e mulher leva a cabo o seu desejo infinito de comunhão. Esse desejo presente no coração de todos nós, expresso na saudade do aconchego, da compreensão, da superação das dificuldades, encontra a sua realização no espaço familiar. E se a família é a casa onde as nossas aspirações mais profundas encontram o seu termo, é nela onde aprendemos a ser pessoa. O ambiente familiar é o solo sagrado onde aprendemos a lidar com a autoridade sadia e com os nossos limites. Sim, nada como descobrir que no mundo há espaços pertencentes a outros – aos irmãos –, e que não vida também fracassamos, erramos, e, consequentemente, podemos ser punidos. A família é ainda o espaço de transcendência, onde se faz a primeira experiência do que é a religião. Não somente porque ali escutamos a Palavra de Deus, fazemos a nossas orações. Mas, antes de tudo, porque o rosto paterno de Deus, com seus traços maternos, é assimilado na vivência sadia com a autoridade dos pais, misto de justiça e amor, compreensão e exigência. Quanto mais profunda uma experiência de família, mais intensa a experiência religiosa. Por estas razões, a família não pode ser reinventada, modificada na sua natureza sem que se pague um preço alto por isso. Qualquer outro tipo de constituição não fundamentada na relação homem e mulher pode ser chamada de qualquer outra coisa, menos família. Se a sociedade atual sofre com a violência, com a perda de valores, das referências religiosas é porque cinicamente há anos trata a família como uma instituição do passado. Redescubramos a vocação à qual a família é chamada, e seremos mais humanos.