Os eleitores brasileiros não querem apoiar Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (sem partido) para presidente da República? As pesquisas não são conclusivas, mas, além de apontar Lula e Bolsonaro em primeiro e segundo lugar, respectivamente, sugerem que, sim, há espaço para um postulante da terceira via.
A
possibilidade de espaço para a terceira via, como superação da polarização
direita versus esquerda, não significa, necessariamente, que um de seus
candidatos tenha reais condições de derrotar tanto Lula quanto Bolsonaro. No
momento não tem.
Lula
e Bolsonaro lideram todas as pesquisas. Pode-se falar em “derretimento”
incontornável de ambos? De fato, Bolsonaro caiu nas pesquisas, mas não para
abaixo de 20%. Ele persiste bem à frente de qualquer um dos postulantes da
terceira via — como Ciro Gomes (PDT), Sergio Moro (Podemos), José Luiz Datena
(PSL), João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM),
Rodrigo Pacheco (PSD) e João Amoêdo (Novo).
Uma
pesquisa mostra que a terceira via já chega a 30% das intenções de voto, o que
seria um bom sinal. Mas uma interpretação mais detida do eleitorado não indica
que o eleitor, digamos, de Sergio Moro é “parecido” com o eleitor de João Doria
ou Ciro Gomes. É provável, inclusive, que o eleitor de Sergio Moro, se o
ex-ministro da Justiça não for candidato, migre, ao menos em parte, para
Bolsonaro. Parte da direita “descontente” (gente do alto PIB) pode voltar ao
ninho do ocupante do Palácio do Planalto.
A
terceira via só vai se viabilizar se um de seus postulantes crescer e se
aproximar de Bolsonaro. Se isto acontecer, o que é provável (mas ainda não está
acontecendo), talvez se poderá verificar a ascensão do candidato, que, se
superar Bolsonaro, poderá, ao poucos, se aproximar de Lula.
Por
que parte dos eleitores trocarão Lula e Bolsonaro por um pretendente da
terceira via? Por ser moderado? Ser moderado não significa que se ganhará,
necessariamente, o aplauso e o voto do eleitor. No momento, qual é o
pré-candidato que propõe o salto da mera crítica para a esperança realista?
Nenhum deles.
Pelo
que se percebe pelo discurso de quase todos da terceira via, o que se postula é
um diagnóstico crítico tanto do governo de Bolsonaro quanto da passagem de Lula
pelo poder, assim como de sua pupila Dilma Rousseff.
Não que os
eleitores não queiram ouvir críticas aos desarranjos provocado por Lula e
Bolsonaro na economia e na estrutura do Estado. Eles querem um diagnóstico mais
amplo e objetivo. Porque, muitos deles, desaprovam as duas gestões.
Mas os eleitores não querem saber tão-somente de críticas. O que eles querem saber, efetivamente, é o que os candidatos pretendem fazer com o país no campo da geração de empregos, do social, da educação e da saúde, enfim, na melhoria da vida das pessoas. O candidato que apresentar um projeto de país inclusivo, com uma ideia articulada e praticável, poderá conquistar o voto dos eleitores. Pode, até mesmo, tomar votos de Bolsonaro e de Lula.
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