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25 de julho de 2018

NÃO HÁ PORQUE HAVER SENTIMENTO DE CULPA

Os suicidas nunca saberão o quanto foram egoístas e estúpídos!

Dificilmente alguém não chorou, sofreu, desesperou ou tenha se sensibilizado diante da morte de um ente querido, de um prestimoso amigo, de alguém que admirasse ou até mesmo de pessoas que nem tinha intimidade. A tecnologia ainda não foi capaz de mensurar qual a extensão, nem tampouco a profundidade da dor dos que ficam e precisam tocar em frente a vida, porque não tem outro jeito. Embora a solidariedade e o apoio sejam sempre bem-vindos e façam toda a diferença nessa hora de vivenciar o luto, sabemos que nem sempre perduram por muito tempo e voltar para casa e reescrever as linhas da própria história cabe tão somente aos que ficaram. Se lidar com o luto natural é uma tarefa que requer muita disposição e coragem, que dirá lidar com a separação daquele que atentou contra a própria vida, num momento de desespero, de impulso, de desatino ou até mesmo de descontrole psicológico, que a fatalidade também fosse instrumento de uma partida inesperada. Certamente só os familiares e os amigos chamados carinhosamente de amigos-irmãos, saibam dimensionar o tamanho dessa dor que amanhece e anoitece cheia de "por quês". Especialistas que mediam grupos dessa natureza afirmam que viver o luto de um suicida é muito mais doloroso, mais intenso e duradouro para os familiares que de alguma forma se veem envolvidos por uma atmosfera de cobranças internas de ter de achar causas e culpados para aquela morte, e muitas vezes não aceitam que as respostas também se foram junto com quem morreu. O efeito emocional de um suicídio é devastador. Supõe-se que para cada ato suicida, mais de cem pessoas ficam traumatizadas ou psicologicamente abaladas, ainda que mal conheçam a pessoa. Além de toda a dor que precisa ser administrada, existe também o estigma que se instala impiedosamente no seio familiar como dardo a ferir os enlutados. Não são poucas as situações em que o acolhimento que deveria brotar dos familiaes mais próximos se esvai no distanciamento porque nem todos conseguem falar francamente sobre o assunto, as pessoas não sabem o que dizer. Então se calam ou se afastam e os que ficam, permanecem emocionalmente vulneráveis. Assistir na Globo uma reportagem que revelava o drama de que são quase 800 mil mortes por suicídio todos os anos no mundo. É o mesmo que dizer que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio. No Brasil, são mais de 11 mil mortes dessa natureza, por ano. É preciso que se divulgue mais as ações positivas que existem mundo afora. Se o mundo atravessa momentos de desatino e desalento, há com certeza contrapontos em todos os lugares onde o bem vem se fortalecendo e abrindo as portas da esperança para um porvir mais amoroso para a humanidade. É preciso pensar no bem, gerar o bem e divulgar o bem. Isso faz toda a diferença. Democratizar informações sobre o suicídio, sobre a existência de grupos de apoio, de ações solidárias que precisam da participação de todos, com toda certeza poderão fazer a diferença no olhar daqueles que se encontram enclausurados neste momento na escuridão interior. Chega de tapar os olhos com a peneira e empurrar os sentimentos para debaixo do tapete! Abraçar de fato os familiares que ficaram, bem como os amigos próximos, sem medo, sem reservas, sem atribuir culpa ou buscar causas, é mais que um ato de misericórdia e de amor fraternal, é um ato de cidadania. E não julgar! Lembrar e falar daquele que partiu como suicida com alegria, com amorosidade, com respeito, é atitude cristã. Qualquer um de nós que sentiu de alguma forma os reflexos de uma morte dessa natureza é também um sobrevivente desse ato. Pensemos nisso!

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