Como presidente, o Temer está em condição de moribundo |
No dia 17 de maio acompanhávamos atentos os
desdobramentos da divulgação do áudio pelo Jornal O Globo, que sugere a
participação e a cumplicidade do atual presidente Michel Temer em ações contra
a maior atividade anticorrupção no país: a Operação Lava Jato. É mais um
escândalo que passa a fazer parte das estatísticas de nosso país e estima-se
que dezenas de escândalos políticos já foram divulgados em 2017. No sentido
literal, a palavra escândalo significa alguma ação ou atividade oculta que,
depois de divulgada, mostra uma violação de certos valores e normas. No caso
dos escândalos políticos, a maioria divulgada é do tipo “financeiro”. Este é o
tipo de escândalo no qual o dinheiro público, que deveria ser investido para
atender aos interesses da população, é desviado pelos representantes públicos
para fins privados. Se, por um lado, felizmente a divulgação dos escândalos
políticos tende a contribuir para coibir a falta de transparência da gestão
pública, servindo também para recuperar a responsabilidade pública dos
representantes públicos, por outro lado, há o risco de ruir a confiança e a
denegrir a imagem de “toda” a política perante a população. No Brasil espera-se
que as estatísticas sobre a divulgação dos escândalos políticos aumentem e por
algumas razões. A primeira é que eles são amplamente noticiáveis e, como
vivemos em uma democracia, a imprensa tem a garantia do exercício da sua
liberdade profissional e investigativa. Uma segunda razão é a de que os
escândalos políticos refletem algo já indicado pelos brasileiros, desde as
manifestações de junho de 2013, como o principal problema do país: a corrupção
na política. Essa percepção foi
corroborada pelo levantamento da FGV, denominado Índice de Confiança na Justiça,
que apontou que somente 11% dos brasileiros confiam na instituição Presidência
da República e 10% no Congresso Nacional. Portanto, a imprensa mostra algo que
o brasileiro já sabe e condena. É bom lembrar que nos regimes democráticos os
atributos como a confiança e a reputação recebidas da população são cruciais
para determinar o sucesso ou o insucesso dos políticos e dos governos. Uma vez
que no Brasil os políticos e governantes estão envolvidos com frequência no uso
de atividades ocultas de violação de normas, exaure-se a sua reputação e a confiança
recebida da população. Nos próximos dias este é o desfecho esperado sobre o
governo Temer. A divulgação do áudio maculou a reputação e a confiança que
ainda se poderia ter ao seu governo. Com a confiança exaurida, o presidente
Temer não terá como garantir e manter o apoio do Congresso Nacional e da
população ao seu governo e aos seus projetos. Para confirmar é só aguardarmos
as próximas pesquisas de opinião sobre a satisfação com o governo Temer.
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