A felicidade é uma decisão pessoal |
Muitos de nós temos dificuldade em
ter empatia e simpatia com o outro, com aqueles com quem congregamos
diariamente. A aceitação recíproca é algo imperioso numa sociedade que reprime,
julga e marginaliza seus pares. É preciso refletir se, talvez, essa falta de
tolerância com o outro não seja resultado da falta de amor consigo, pois só
podemos exalar daquilo que nos sobra. Está pulverizado na sociedade uma ideia
tão enraizada de julgamento que esquecemos de olhar para nós mesmo no intuito
de nos conhecermos, sabermos quem somos, que lugar ocupamos. É muito fácil nos
acostumarmos com os rótulos, editados em nós pela opinião dos outros, pelo
julgamento alheio. Essa interminável roda gigante nos impede de construir uma
imagem consciente a respeito de nós mesmos, nos poda na construção do que Freud
chama de sentimento de estima de si. Como posso olhar para dentro de mim quando
só tenho olhos para apreciar os predicativos dos meus pares? Quando olhamos
para nós nos permitimos saber quais caminhos percorrer, quais vozes ouvir e
quais sentimentos realinhar. Isso tudo tem a ver com autoestima, aquela palavra
tão reflexiva e tão pouco vivida, aquele sentimento de olhar para si e se
respeitar, se amar em primeiro lugar, de não esperar aprovação de ninguém, de
saber que você, mesmo com tantos defeitos, pode ser feliz. Autoestima é não se
comparar com ninguém, é ser feliz com quem você é, é ter segurança para ouvir
críticas e não deixar de se respeitar por isso, é se achar incrível. Não é
fácil encontrar o equilíbrio na sutil fronteira da autoestima e da arrogância.
Somente com muita sabedoria é possível saber que olhar para si com amor e
confiança não nos autoriza a pensarmos que somos semideuses ou abrir mão da
humildade e resiliência necessárias à construção de relacionamentos saudáveis.
Nós temos o direito de nos amar, mas não temos o direito de sermos cruéis. Porém,
para além das dificuldades de sermos quem somos, devemos viver sem julgar, mas
sem aceitarmos julgamento. Não se cobre, não se limite ao olhar do outro, não
se boicote, saiba que o mundo de possibilidades que há em cada um de nós pode
ser o mundo de possibilidade de outro. Para sermos especiais devemos ser apenas
nós mesmos e oferecer aquilo que temos: se é amor que seja amor, se não, dê-se
uma segunda chance, cuide-se.
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