Crise para Temer persiste, mesmo com o término da recessão |
Na última quinta-feira/1º, o governo Temer
comemorou efusivamente os dados do IBGE que mostram crescimento de 1% no
Produto Interno Bruto (PIB) nos três primeiros meses deste ano, em comparação
com o quarto trimestre de 2016. É o primeiro sinal de crescimento da economia
brasileira após oito trimestres seguidos de queda. Para Temer, o resultado
mostra que o País finalmente saiu da recessão, recuperou a confiança e terá
dias melhores para a população a partir de agora. Trata-se, segundo ele, do
“renascimento” da economia brasileira. Embora haja motivos para comemorar, é
preciso manter os pés no chão e aguardar os próximos trimestres, pois a
economia ainda tem um longo caminho a percorrer para se recuperar e apresenta
dados contraditórios. Especialistas alertam que, ao mesmo tempo em que o setor
agrícola se expandiu, o consumo das famílias e os gastos do governo ainda
apresentam queda. O País ainda tem 14 milhões de desempregados e, se comparado
o PIB do primeiro trimestre com o mesmo período do ano passado, houve uma
retração de 0,4%. Isso sinaliza que, em longo prazo, a situação ainda é crítica
e não mostra claramente a retomada do crescimento. O setor de serviços, com o
maior peso no PIB, ficou estagnado. O comércio, debilitado pelo desemprego
alto, caiu 0,6%. Além disso, as incertezas causadas pela crise política, que
não quer dar trégua, podem levar os empresários a segurar ainda mais os
investimentos. Com isso, o alívio com essa alta do PIB pode não durar muito
tempo, e a economia corre o risco de voltar a encolher entre abril e junho. Pode-se
dizer que o Brasil saiu da chamada recessão técnica, mas está longe de sair da
crise. O crescimento de 1% é um pequeno alívio se comparado às sucessivas
retrações que a economia teve nos últimos anos. Não há dúvida de que o pequeno
avanço do PIB é uma boa notícia, mas uma análise mais apurada dos dados mostra
um quadro menos animador, apesar de todo o entusiasmo manifestado pela equipe
econômica do governo. Afinal, o bom desempenho ficou muito concentrado na
agropecuária. Além disso, se a crise política se prolongar ao longo do ano, a
incipiente retomada econômica pode sair dos trilhos e, no pior cenário, o
Brasil pode voltar ao quadro recessivo.
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