ITABUNA: SUIÇA E HAITI EXISTEM AQUI

Conhecemos Itabuna como o município dos contrastes, e de fato o é! Tenho andado entre os diferentes contrastes da cidade, e, comparando com outras experiências vividas, parece que aqui eles são bem mais visíveis. Basta andar, por exemplo, nas avenidas às margens do rio cachoeira, recomendo uma manhã de sol e você verá uma beleza exuberante e indescritível oferecida pela natureza, ilha do jegue, pássaros... junto com prédios bem conservados e luxuosos, que já contrastam nas mesmas águas fétidas, com ruas sujas, esburacadas e escuras, policiamento ausente, dando um ar de insegurança e sujeira que inquieta quem transita no lugar. Estes problemas parecem não existir em locais como Jardim das Acássias, ou Góes Calmon. Mas a grande diferença está na periferia – não é preciso andar muito, há poucos quarterões encontramos uma situação bem oposta – não importa se faz sol ou chuva, ou se tem muita lama, ou poeira. É ali que se evidenciam os embates sociais: casas pequenas e simples, a grande maioria sem reboco, crianças sujas na rua, esgoto a céu aberto, pobreza, violência e medo que dão uma sensação muito grande de vulnerabilidade. O policial, por exemplo, é visto de forma bem diferente do que daquele que patrulha o centro! Embora as pessoas vivam em ambientes tão opostos, os problemas existenciais colocam todos num mesmo barco. É fácil encontrar em ambas as situações pessoas desanimadas da vida, depressivas, solitárias e revoltadas. O divórcio dividindo famílias, o trabalho consumindo todo tempo da família, a doença terminal e a morte nivelando todos. Percebe-se que somos tão diferentes, mas tão iguais e semelhantes em nossas maiores necessidades e medos.