Com a renúncia do papa Bento 16 e a
perspectiva sobre quem o sucederá, a Igreja Católica volta à crista da notícia.
E os assuntos de que se tratam são pitorescos: todos ligados a intrigas e
escândalos verdadeiros ou cavados, para apimentar o noticiário. São tantas
suposições, intrigas, ilações maldosas... Que pensar dessa enésima presepada?
Duas coisas, aparentemente contraditórias, paradoxais, mas ambas verdadeiras.
PRIMEIRA: O mundo não quer saber a motivação profunda da vida e da moral
católica; já não compreende o que é ser cristão, não consegue distinguir o
cristianismo de uma pretensão de ser politicamente correto... Não quer saber
nem pode compreender, porque todas as exigências do cristianismo nascem do
encontro com Alguém que o mundo jura que está morto, mas que os cristãos sabem
que está vivo, ressuscitado; Alguém a Quem amamos, que nos interpela, que é
exigente e faz de nós criaturas novas. Algumas pessoas se apegam a questões
pitorescas, escandalosas e polêmicas – presentes na Igreja desde o princípio do
cristianismo. E nisso fica. Eis a agenda cristã para o mundão: preservativos,
moral sexual, casamento dos padres, união gay, ordenação de mulheres, e por aí
vai. Como se essas coisas fossem o essencial. Mas, a questão é outra: é a de
ter encontrado o Senhor, de aderir a Cristo com paixão, experimentá-lo de
verdade, nele crendo e estando disposto a por ele dar a vida. SEGUNDA: Por
outro lado, paradoxalmente, o mundo se incomoda com o que a Igreja pensa e
fala. Só agora, já são mais de 5.000 jornalistas credenciados para acompanhar o
Conclave! A Igreja é como uma incômoda voz da consciência, que se deseja calar
e não se consegue. O Ocidente precisa ainda ouvir a Igreja dizer a verdade. Sem
a Igreja, o mundo decairia de vez! Ele continuará precisando da Igreja, nem que
seja para brigar com ela e dizer que a odeia... É como uma senhora ateia que,
na eleição de Bento 16, escrevera num blog aqui mesmo em Itabuna: “Sou ateia,
mas sinto-me feliz pela eleição do novo papa, pois não posso me sentir segura
na vida sem saber que, na janela do Vaticano, existe aquele homem vestido de
branco, que nos alerta para coisas que gostaríamos de esquecer, mas que, ao fim
das contas, nos permite continuar vivendo de modo mais ou menos decente”.

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