Após
atos violentos de grandes proporções, como ocorridos com assassinatos de
crianças e idosos, o povo de Itabuna exige solução para enfrentar a violência. As
mídias divulgam fatos e fotos que comovem até os corações mais endurecidos e
geram revolta e desejo de vingança nas mentes belicosas. Mas assim que a
imprensa encontra outras matérias com que se ocupar, esses atos caem no
esquecimento e só voltam a ser notícia nas retrospectivas de final de ano. No
entanto, para as pessoas diretamente envolvidas nessas tragédias, Itabuna
jamais será a mesma, pelo menos no seu íntimo. São vidas ceifadas, amores
arrebatados, sonhos interrompidos, lembranças marcadas, desespero, saudades... E
a vida continua... E a violência sobrevive, silenciosa, sobre o asfalto de uma
cidade campeã nacional de vulnerabilidade para os jovens... E se fala em paz...
Fala-se em Cidade da Paz, nos gabinetes de crentes que brigam com católicos;
comunistas contra obreiros, aderentes e alienados. E se fala em combater a
violência, fomentando-se guerras entre raios A e B, pasmem, sob comando de quem
está preso. Até quando conviveremos com essa triste realidade sem tomar uma
atitude que promova a paz? Já sabemos que a paz em Itabuna não se implantará
por decretos de prefeito, governador, nem surgirá após a carnificina de membros
das gangs organizadas. A cultura da paz deve ser uma iniciativa lúcida, tanto
individual quanto coletiva. É preciso criar uma cultura de paz no nosso
município. Hoje está vigente, no seio da sociedade, o que poderíamos chamar de
currículo oculto da violência. Existe uma cultura pró-violência muito sutil e
que ganha terreno dia após dia, de forma velada e letal. É uma forma de cultivo
da violência que muitas pessoas não se dão conta. Essa cultura está presente no
lar, no lazer, nos esportes, nas escolas, nas músicas, nas piadas, nos meios de
comunicação, nas canções populares, nas instituições religiosas. Nas instituições
religiosas, sim! Nas violências que mais estarreceram e estarrecem a todos nós,
geralmente está presente o componente religioso. E isso começa de forma
imperceptível, quando um pai de família ou um líder religioso cria barreiras
entre os da sua crença e os outros. Testemunhei a “Guerra de Armagendon”,
quando das realizações do Festsul Gospel, com igrejas se degradeando para
participar, ou não deste evento do bem e da Paz. Isto cria divisões, distorções
e discriminação. A criança cresce pensando que quem não é da sua crença é
pessoa má, que merece ser rechaçada ou evitada, quando não se diz que é
demoníaca. Isso em nome do Cristo, em nome de Deus, em nome de um ideal, em
nome da religião, seja ela qual for. O simples fato de se pertencer a uma
igreja diferente já é motivo para se criar conflitos... Até mesmo entre pessoas
da mesma família. Pessoas que se dizem religiosas e atacam outras instituições,
dizendo que o único bem que merece esse título é o praticado dentro da sua fé. Como
se o bem não se bastasse por si só e tivesse que ter uma bandeira religiosa
qualquer. Briga-se por causa de idéias políticas divergentes... Briga-se pelas
mais mínimas coisas. E para construir a paz é preciso largar as armas... É
preciso usar ferramentas adequadas... É preciso falar e agir como pacifista... Usar
termos e idéias que enalteçam a paz e não a violência. É preciso adequar a
nossa terminologia, numa ação pró-paz. Em vez de dizer “lutar pela paz”, dizer
“construir a paz”, em vez de “lutar contra a violência”, “fomentar a paz”, em
vez de “promover um combate”, “fazer um embate”, em vez de “armas de guerra”,
“ferramentas de paz”. Ensinar nos lares, nas escolas, nas canções, nas mídias,
nas pregações religiosas, que a paz é um desejo comum a todos, não importa a
raça, a crença, a posição social. E acreditar nisso. Enquanto não agirmos dessa
forma, a paz continuará só no discurso, e a violência ganhará forças, nutrida
por esse currículo oculto, sutil e letal, que vige silencioso no seio da
humanidade. Pense nisso! Observe Itabuna com olhos de paz. Faça a sua parte,
que Itabuna terá paz. Mas, pense nisso agora!

Entendo que ele é PROTESTANTE, mas é prefeito de TODOS. Recebeu o voto de TODOS e por isso deveria seguir o exemplo do ex-prefeito de Salvador que era PROTESTANTE mas participava de todas as expressões de fé as quais era convidado.
ResponderExcluirLamento muito por isso sr. Vane.