Há
220 anos era assassinado Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido pelo
apelido de Tiradentes. Enforcado, transformou-se em mártir e maior ícone da
chamada Inconfidência Mineira, insurgência que – como sublimada pelo sacrifício
do alferes e dentista – seria elevada ao patamar de principal expressão do
sentimento de independência do Brasil. Em verdade, também conhecida como
Conjuração, foi mineira basicamente a movimentação. Apesar de, dentre suas
bandeiras, tremular a consigna da emancipação brasileira do domínio português,
é certa a insuficiente articulação do pequeno grupo de insurgentes, o que
comprometeria, se não o sucesso, a extensão geográfica do movimento em termos
da sabidamente extensa colônia portuguesa. Não seria também Tiradentes o
principal líder da revolta, há quem defenda que a pena capital lhe teria sido
atirada por ele ser o inconfidente com raízes mais populares, o “menos nobre”
dos revoltosos. A carência de dados concretos também faz aumentar os debates
contemporâneos acerca das verdadeiras condições da morte de Cláudio Manoel da
Costa, poeta e jurista, um dos mais proeminentes inconfidentes e que teria sido
assassinado na cadeia em 4 de julho de 1789 (emblematicamente, no 13º
aniversário da independência dos Estados Unidos e dez dias antes da Bastilha
cair sobre a monarquia francesa). Desse ponto de vista, a Inconfidência Mineira
teria tido dois mártires... Polêmicas à parte, 21de abril é o dia onde o
primeiro mártir oficial brasileiro é lembrado. Vale a pena solenizar esta data,
afinal toda nação precisa valorizar seus heróis como referência de sua própria
construção. São esses heróis símbolos históricos e não santos. São ícones para
além de suas existências, permeadas, como todo ser humano, de falhas, pecados,
imperfeições. Ao festejar a memória de Tiradentes comemoramos as raízes do
Brasil independente, saudamos o heroísmo daqueles que sacrificam sua vida em
torno de causas nobres. Aplaudimos valores do passado apostando em presente e futuro
valorosos.

YEEEEEEEEEAH !
ResponderExcluir