A CBF NÃO DÁ BONS E ÉTICOS EXEMPLOS DE GESTÃO

Verdadeiro patrimônio nacional, mesmo que tenha sido importado, o futebol vive um momento histórico no Brasil. E isso não quer dizer que seja um momento festivo. É uma hora de decisões no campo ético. O País prepara a Copa do Mundo de 2014 num clima de desconfiança. De um lado, a suspeita de gastos excessivos, sem o devido planejamento; de outro, o que é mais grave, a farra com dinheiro público num negócio que, não se deve esquecer jamais, é um segmento privado. No meio das polêmicas, o eterno presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, vive um inferno astral, alvo de denúncia de corrupção. A CBF está em crise justamente na época de maior visibilidade para a entidade. Mesmo à frente de um projeto gigantesco, com interesse vital do País, Teixeira virou persona non grata do governo brasileiro. A presidente Dilma não trata da organização do evento com o enrolado presidente da CBF. A imprensa já noticiou as várias ocasiões em que Dilma barrou pedidos de audiência com Teixeira. A atual gestão na CBF tem mais de duas décadas. Ao longo desse tempo, cristalizou-se um modo de organização das coisas do esporte que só faz bem para os cartolas amigos da cúpula. As eleições da entidade há muito se transformaram em jogo de cartas carimbadas. Uma estratégia particular dos maiores cartolas amarra as federações estaduais ao poder centralizado. Nada existe fora desse círculo dominado por poucos. Os ventos da democracia, que todos celebram no País, nunca sopraram nesse ambiente futebolístico – marcado por práticas atrasadas, obscuras e muitas vezes imorais. As obras nos estádios para 2014 correm sob a marca da incerteza e com muitas dúvidas. O governo brasileiro batalhou para obter o direito de sediar o espetáculo; deve se empenhar para que as coisas ocorram dentro da legalidade, com respeito à população, que, afinal, paga a conta. Ainda dá tempo de vermos uma transformação profunda nesse meio de campo.