Crítica boa é aquela que constrói. A crítica pelo prazer de criticar e a crítica tendenciosa não ajudam pessoas, menos ainda, quando se critica certos segmentos profissionais intocáveis e algumas instituições públicas, entretanto, a crítica construtiva, a boa crítica embasada em fatos, isenta, além de indicar erros, equívocos, aponta a boa direção e novos caminhos. É temerário afirmar, mas o professor é o calcanhar de Aquiles da nossa educação, sem isenção das responsabilidades da família, da sociedade e do estado no processo de aprendizagem e educacional do educando. Faz-se necessário dizer que o professor, hoje, está no final da linha de produção, ele é mal remunerado, não goza do prestígio social e o respeito de outrora, salvo algumas honrosas exceções, o professor é despreparado e se lhe fosse exigido prova para o seu registro nos moldes da OAB, a maioria absoluta desses profissionais seria reprovada, por isto, ao longo do tempo, deixou-se estigmatizar-se por “coitado”, “injustiçado”, “hei de vencer mesmo sendo professor” etc., ao invés dele soerguer-se, qualificar-se sempre, não negligenciasse o conhecimento, assumisse o seu papal de agente motivador do processo educativo, fosse mais criativo, mais original, tivesse mais compromisso, deixasse de ser um mero reprodutor de idéias alheias e fosse mais profissional e mais educador. O reflexo do despreparo do professor em todos os níveis da aprendizagem contamina todas as classes profissionais. Atualmente, não é exceção, erros médicos irreparáveis, engenheiros respondendo por homicídio culposo por imperícia profissional, advogados que não sabem peticionar, jornalistas que não sabem redigir, juízes “atropelando” leis, afora a grande massa de analfabetos funcionais egressos do curso fundamental e médio que as escolas públicas e privadas despejam todos os anos no mercado de trabalho, gerando óbices na mão de obra qualificada, atravancado o comércio, a indústria e inibindo o desenvolvimento do país e gerando a “indústria” dos cursinhos e as “fábricas” de diplomas. Porém, não se pode imputar unicamente ao professor, o baixo nível intelectual e de escolaridade dos nossos trabalhadores, os governantes preocupados em melhorar o “ranking” do país em relação às nações em desenvolvimento e desenvolvidas, nos quesitos alfabetização, grau de escolaridade e tempo de escolaridade, utilizaram-se e ainda se utilizam de programas e instrumentos pedagógicos discutíveis (MOBRAL, Supletivos, Educação Integrada, Cursos de aceleração, Cursos à distância, Educação Continuada etc.), com o objetivo de suprir ciclos não concluídos de jovens e adultos, além do uso irresponsável de metodologias e ações pedagógicas de promoção do educando com graves déficits de aprendizagem. A família é a principal responsável na formação cidadã e no processo de aprendizagem dos seus filhos nas faixas etárias da infância e adolescência, todavia, numa sociedade moderna em que a ausência diária dos pais, é uma regra e não uma exceção, a família pouco tem contribuído na formação moral e intelectual dos seus filhos, transferindo essas responsabilidades para escola. O estado brasileiro e a sociedade elitizada levaram muito tempo para aprender a lição que “um país se faz com homens e livros”, nunca se preocuparam de maneira efetiva com a cultura e a educação do povo. O domínio intelectual, político e a exploração do trabalhador perduraram até Getúlio Vargas quando a educação tomou uma nova feição com o seu ministro Gustavo Capanema. A partir do Golpe de 1964, os militares preocupados com o desenvolvimento do país, perceberam a escassez de mão-de-obra qualificada, instituíram os cursos profissionalizantes através da Lei 5.692/71, ao molde educacional norte-americano, porém, cometeram o erro de não qualificar a priori, o professor, o principal formador dessa mão-de-obra – a improvisação foi a tônica... A Informática, a Cibernética e o uso dos computadores em rede (Internet) não substituem o papel afetivo e humano do professor, a máquina jamais terá sentimento para compreender o choro duma criança, no entanto, o professor não pode prescindir, de agora em diante, dessa nova parafernália tecnológica em sua prática pedagógica e na vida pessoal sem prejuízo de informação e conhecimento. As reivindicações históricas da classe docente de valorização salarial e melhores condições de trabalho são procedentes, os governantes e as escolas privadas têm sido sensíveis de acordo suas possibilidades orçamentárias, porém, a solução do problema educacional atual não se restringe, somente, ao aumento de remuneração, o professor ao longo do tempo vem negligenciando sua profissão... Para a erradicação do analfabetismo funcional, dos problemas de aprendizagem, de gente não qualificada para o trabalho, a falta de gosto pelo conhecimento, pelo saber, de evasão escolar etc., será condição sine qua non, breve, que a sociedade e o governo criem mecanismos seletivos para o exercício e no exercício do magistério. A exemplo das empresas privadas, como prestação de serviço, se estabeleçam metas educacionais de qualidade e produtividade, evitando assim, que o magistério seja um “bico”, um repositório de profissionais frustrados, despreparados, mercenários, não vocacionados, que não tiveram facilidades noutras profissões e encontram na prática pedagógica um meio fácil de sobreviver. Não cabe, somente, ao professor, a tarefa de “empurrar” conhecimento na mente do indivíduo, orientá-lo, ensinar-lhe a aprender, cabe-lhe, também, o papel imprescindível de torná-lo melhor moralmente para vida social. Alexandre, o Grande, definiu a importância do seu preceptor Aristóteles e o rei Felipe II quando disse: “Se um deu-me a vida; o outro me deu a arte de viver”. Educar não é só instruir ou transformar o sujeito num repositório de conhecimento, educar é um conjunto de ações morais e intelectuais no processo de formação dum indivíduo, portanto, o exercício do magistério deve ser para aqueles que reúnem essas aptidões. Enfim, o objetivo deste artigo não é tecer crítica fácil a esse segmento profissional da educação, mas lhe chamar a atenção para as novas ferramentas de pesquisa e ensino e, chamar-lhe a atenção para uma nova maneira de pensar e de agir na construção do conhecimento. Hoje, com o avanço da comunicação e a democratização do conhecimento e a rapidez nas informações, é muito pouco ser professor!... "Sem liberdade de criticar, não existe elogio sincero." (Pierre Beaumarchais - Por Rilvan Batista de Santana - saber-literario.blogspot.com).
Prezado Val Cabral
ResponderExcluirConheço pessoas muito cultas e que estudaram muito pra ter uma vida mais ou menos confortável. Enquanto há jogadores de futebol (nada contra, apenas pra constar) que ganham muito mais e alguns não tem nem o ensino médio... Nunca nada vai adiante, se não for pela educação. Everaldo Brandão
Rilvan, vc é o cara!
ResponderExcluirNunes
A falta de educação é um grande problema, tanto para ricos como para pobres. É horrível conversar com uma pessoa mal educada e grosseira. Uma pessoa que se preocupa com seu linguajar e seu proceder só tende a crescer e daí para obter dinheiro ou, ao menos, realização é bem mais fácil.
ResponderExcluirVerdade, mas ninguém quer se interessar na educação. Gutemberg Matos
ResponderExcluirEducação virou mercado de trabalho. Como pode um estudante fazer 15 matérias, se for dedicado ficará só na introdução de teorias que nem os professores sabem como funcionam. A obrigatoriedade de certas matérias é para garantir emprego (controle sindical e voto) mantendo uma classe que na atualidade não se preocupa com a absorção do conhecimento pelo alunado!!!!!!! Pode melhorar o salário mas com este modelo o Brasil sempre ficará atrasado em termos de educação, todo dia é reunião e capacitação(que é puro discurso ideológico) transmissão de conhecimento que é bom nada!!!!!!!
ResponderExcluir