Era uma mesa rústica, feita sob medida, que ocupava grande parte da sala. A toalha branca que a cobria parecia feita de pedaços retangulares, que se
juntavam por lindos bordados feitos à mão. Éramos seis irmãos. Sentado no fim da mesa, olhava com os olhos arregalados toda aquela gente reunida e, ao mesmo tempo, pensava: aquela era minha família e era véspera de Natal. O peru gordo gratinado permanecia no centro da mesa, recheado de farofa e todo adornado de pêssegos, ameixas e outras coisas gostosas. Que delícia! Ao mesmo tempo, sentia pena dele ao lembrá-lo na véspera, cantando no quintal o seu glu-glu. O lado triste das coisas! Meu pai ia à feira dias antes e comprava tudo o de que a festa requeria. Chegava com uma cesta cheias de coisas gostosas para o grande dia: véspera de Natal. Época de férias, quase toda a família estava ali reunida. Quando ele chegava, punha as coisas em cima da mesa da cozinha. Eu, às escondidas, chupava algumas uvas e, quando podia, surrupiava uma caixinha de passas, aquela que trazia o desenho de uma moça de vestido longo vermelho. Fazia isso às pressas, com receio de que meu irmão mais velho interferisse naquele prazer com um beliscão. Mas achava que valia a pena a minha ousadia. Havia tantas outras coisas gostosas na mesa, como queijo do reino, pernil, lombo assado, arroz com passas! Eu pensava que ainda havia as sobremesas! Mas, apesar disso, com o olhar aflito, esperava que se lembrassem de mim, pobre menino. Alguém, então, fazia meu prato com o que estivesse perto de mim. O peru, ai que dor quando o partiram! O seu canto ainda ficara em meus ouvidos. A velha vitrola entoava cânticos de igreja, mas não me recordo quais eram. Creio que somente um desavisado trinaria sua melodia fazendo parte daquele ambiente. Quando me mandaram deitar, lancei um olhar para a mesa comprida. Vi com tristeza o seu aspecto abandonado, solitário. Já não precisavam mais dela. Passando pela sala, vi o Menino Jesus sorrindo e isto me conformou. Aquele sentimento de ternura voltara a tomar conta de mim. Ainda era véspera de Natal.
juntavam por lindos bordados feitos à mão. Éramos seis irmãos. Sentado no fim da mesa, olhava com os olhos arregalados toda aquela gente reunida e, ao mesmo tempo, pensava: aquela era minha família e era véspera de Natal. O peru gordo gratinado permanecia no centro da mesa, recheado de farofa e todo adornado de pêssegos, ameixas e outras coisas gostosas. Que delícia! Ao mesmo tempo, sentia pena dele ao lembrá-lo na véspera, cantando no quintal o seu glu-glu. O lado triste das coisas! Meu pai ia à feira dias antes e comprava tudo o de que a festa requeria. Chegava com uma cesta cheias de coisas gostosas para o grande dia: véspera de Natal. Época de férias, quase toda a família estava ali reunida. Quando ele chegava, punha as coisas em cima da mesa da cozinha. Eu, às escondidas, chupava algumas uvas e, quando podia, surrupiava uma caixinha de passas, aquela que trazia o desenho de uma moça de vestido longo vermelho. Fazia isso às pressas, com receio de que meu irmão mais velho interferisse naquele prazer com um beliscão. Mas achava que valia a pena a minha ousadia. Havia tantas outras coisas gostosas na mesa, como queijo do reino, pernil, lombo assado, arroz com passas! Eu pensava que ainda havia as sobremesas! Mas, apesar disso, com o olhar aflito, esperava que se lembrassem de mim, pobre menino. Alguém, então, fazia meu prato com o que estivesse perto de mim. O peru, ai que dor quando o partiram! O seu canto ainda ficara em meus ouvidos. A velha vitrola entoava cânticos de igreja, mas não me recordo quais eram. Creio que somente um desavisado trinaria sua melodia fazendo parte daquele ambiente. Quando me mandaram deitar, lancei um olhar para a mesa comprida. Vi com tristeza o seu aspecto abandonado, solitário. Já não precisavam mais dela. Passando pela sala, vi o Menino Jesus sorrindo e isto me conformou. Aquele sentimento de ternura voltara a tomar conta de mim. Ainda era véspera de Natal.
Esta postagem me fez rememorizar minha infancia e comigo era assim também.
ResponderExcluirChorei, pois lembrei do meu passado. Mas, valeu.
Miranda Soares
Quero expressar minha total admiração pelas matérias, principalmente no que diz respeito a política, com históricos completos, esclarecedores e envolventes. Realmente vocês são o melhores da internet. Meus parabéns. Elizabeth Sabóia da Silva
ResponderExcluir