Lá se foi o tempo em que a escola simbolizava proteção, acolhimento. Disseminada vorazmente na sociedade, a violência in
stala-se na escola urbana, frustrando jovens em relação à família, trabalho, escola, comunidade e governo. Noutros tempos, eram comuns as formas de “bullying”, com alunos rejeitando diferenças envolvendo cor, peso, cabelo, visão, fala, audição, cicatrizes, habilidades intelectuais e esportivas. Em decorrência, atitudes e comportamentos produziam maus tratos, piadas, acusações, preconceitos, apelidos, xingamentos, ridicularizações, puxões de cabelo, ofensas e isolamento. A escola encarava esse saco de maldades como normais e incorporadas nas relações entre crianças e entre adolescentes. Surgiram complicadores como jornadas em excesso, superlotação das salas e dificuldades de aprendizado. Essas práticas potencializaram no tempo, cresceram e se confundiram com o riscar o carro do professor, a ameaça física contra ele, os encontrões. As depredações, os roubos, as agressões contra colegas e professores, o envolvimento com as drogas e seu tráfico. Ficaram no passado as punições ao aluno infrator e de maus modos, a ida à Diretoria, a palmatória, o ajoelhar em bagas de milho, postar-se de frente para o quadro negro, ou ficar no banquinho atrás da porta, o beliscão no braço. São fortes no presente, as pixações, vidraças e móveis quebrados, o portar armas próprias ou do pai, o espancamento de professores e de colegas, a droga sem controle. O aluno sem motivação e sem entusiasmo não vê sentido prático, nem significado em sua vida o que lhe é ensinado. Acha demagógico o que lhe é repassado pelo professor, não lhe trazendo benefícios concretos. Se o local de encontro eram os intervalos ou o recreio no pátio da escola, hoje a internet permite combinar arrastões, as estratégias de violência, a formação de grupos e das gangs, o deboche à intervenção policial. Hoje é violência pura, atentando fisicamente o colega, o professor, fazendo correr perigo a vida, a liberdade individual, talvez pelas motivações da desigualdade social, da desagregação da família, pela ausência de limites, pelo ignorar por parte da comunidade, misturando causas sociais, econômicas e culturais. Essa violência não termina na sala de aula, na escola. Ela é acalentada no entorno, nas ruas, no barzinho defronte, nos espaços de festas. Não é mais exclusividade do sexo masculino, nem da escola pública, ela migra para as ciumentas adolescentes em disputas aos tapas e puxões de cabelo. O professor via sua profissão reconhecida pela sociedade e pelo Governo, como divina, fundamental, merecendo nome de rua, de praça. Mas o salário não corresponde ao exercício; vê-se ameaçado, vê os exemplos de agressões, fica medroso. Ele torce pra correr veloz o tempo que lhe falta da aposentadoria. Enquanto isso, busca escapar da sala de aula para a administração da escola, apresenta atestados de saúde. O terceiro grau, por vezes é afetado por essa tendência. Trago aqui uns poucos exemplos mais recentes dessa violência: Em Itabuna (BA), aluno persegue e tira a vida do jovem professor, família estimada. Por este se preocupar com o uso e tráfico de droga na escola pública, onde dava aulas, chocando a sociedade; Em Santa Maria (RS) menina de 13 anos é espancada na porta da escola, por colegas. Da primeira vez teve traumatismo craniano. Bilhete dos pais e papo da Diretora de nada valeu. Na segunda agressão teve lesões por todo o corpo; Em Porto Alegre (RS), professor é assaltado por ex aluno, na sala de aula. Queria dez reais para comprar crack; Marília (SP), adolescente atrapalhava a aula com sua fala alta. A professora lhe adverte. Sem ser atendida diz que vai à Diretoria; mas é impedida com uma cadeirada no quadril; Em escola estadual de Sorocaba (SP), aluno de 14 anos agride colega de 13, deixando-lhe marcas profundas de unhas e socos no rosto e pescoço. Motivo: derrubou o caderno deste, com um involuntário esbarrão na carteira dele; Guaimbé (SP) atiraram carteira no professor, ferindo-o. O aluno de 16 anos recebeu um “dura punição”. Seis dias de suspensão; Ainda em Sorocaba (SP), gangue de alunos provocava agressões e vandalismo nas escolas. São inúmeros os casos similares pelo Brasil afora. Não restam dúvidas: se o aluno de hoje é mais agressivo, o professor perdeu autoridade. Tem receio de impor limites, ser agredido fisicamente. Sua profissão já não tem o reconhecimento profissional de outros tempos. O respeito para com o professor se esgotou, já que também para com os pais é muito fraco. A família se vê incapaz de transferir educação, como a rua, os colegas, a internet. Desfechos trágicos, traumas no psiquismo das vítimas são produtos de uma relação atual aluno-aluno, aluno-professor e aluno-patrimônio da escola. Ser professor, fazer cumprir normas e regras tornou-se tarefa de risco, difícil. Vem a vontade de fugir, de abandonar a profissão. Fazem-lhe companhia o desgosto, o tédio, a depressão. Como na sociedade, a violência na escola é crescente. Pior, sem solução. (Selem Rachid Asmar é doutor em Sociologia pela Universidade de Paris e Diretor–Presidente da Selem Sondagem de Opinião - E-mail: rachidasmar@uol.com.br).
stala-se na escola urbana, frustrando jovens em relação à família, trabalho, escola, comunidade e governo. Noutros tempos, eram comuns as formas de “bullying”, com alunos rejeitando diferenças envolvendo cor, peso, cabelo, visão, fala, audição, cicatrizes, habilidades intelectuais e esportivas. Em decorrência, atitudes e comportamentos produziam maus tratos, piadas, acusações, preconceitos, apelidos, xingamentos, ridicularizações, puxões de cabelo, ofensas e isolamento. A escola encarava esse saco de maldades como normais e incorporadas nas relações entre crianças e entre adolescentes. Surgiram complicadores como jornadas em excesso, superlotação das salas e dificuldades de aprendizado. Essas práticas potencializaram no tempo, cresceram e se confundiram com o riscar o carro do professor, a ameaça física contra ele, os encontrões. As depredações, os roubos, as agressões contra colegas e professores, o envolvimento com as drogas e seu tráfico. Ficaram no passado as punições ao aluno infrator e de maus modos, a ida à Diretoria, a palmatória, o ajoelhar em bagas de milho, postar-se de frente para o quadro negro, ou ficar no banquinho atrás da porta, o beliscão no braço. São fortes no presente, as pixações, vidraças e móveis quebrados, o portar armas próprias ou do pai, o espancamento de professores e de colegas, a droga sem controle. O aluno sem motivação e sem entusiasmo não vê sentido prático, nem significado em sua vida o que lhe é ensinado. Acha demagógico o que lhe é repassado pelo professor, não lhe trazendo benefícios concretos. Se o local de encontro eram os intervalos ou o recreio no pátio da escola, hoje a internet permite combinar arrastões, as estratégias de violência, a formação de grupos e das gangs, o deboche à intervenção policial. Hoje é violência pura, atentando fisicamente o colega, o professor, fazendo correr perigo a vida, a liberdade individual, talvez pelas motivações da desigualdade social, da desagregação da família, pela ausência de limites, pelo ignorar por parte da comunidade, misturando causas sociais, econômicas e culturais. Essa violência não termina na sala de aula, na escola. Ela é acalentada no entorno, nas ruas, no barzinho defronte, nos espaços de festas. Não é mais exclusividade do sexo masculino, nem da escola pública, ela migra para as ciumentas adolescentes em disputas aos tapas e puxões de cabelo. O professor via sua profissão reconhecida pela sociedade e pelo Governo, como divina, fundamental, merecendo nome de rua, de praça. Mas o salário não corresponde ao exercício; vê-se ameaçado, vê os exemplos de agressões, fica medroso. Ele torce pra correr veloz o tempo que lhe falta da aposentadoria. Enquanto isso, busca escapar da sala de aula para a administração da escola, apresenta atestados de saúde. O terceiro grau, por vezes é afetado por essa tendência. Trago aqui uns poucos exemplos mais recentes dessa violência: Em Itabuna (BA), aluno persegue e tira a vida do jovem professor, família estimada. Por este se preocupar com o uso e tráfico de droga na escola pública, onde dava aulas, chocando a sociedade; Em Santa Maria (RS) menina de 13 anos é espancada na porta da escola, por colegas. Da primeira vez teve traumatismo craniano. Bilhete dos pais e papo da Diretora de nada valeu. Na segunda agressão teve lesões por todo o corpo; Em Porto Alegre (RS), professor é assaltado por ex aluno, na sala de aula. Queria dez reais para comprar crack; Marília (SP), adolescente atrapalhava a aula com sua fala alta. A professora lhe adverte. Sem ser atendida diz que vai à Diretoria; mas é impedida com uma cadeirada no quadril; Em escola estadual de Sorocaba (SP), aluno de 14 anos agride colega de 13, deixando-lhe marcas profundas de unhas e socos no rosto e pescoço. Motivo: derrubou o caderno deste, com um involuntário esbarrão na carteira dele; Guaimbé (SP) atiraram carteira no professor, ferindo-o. O aluno de 16 anos recebeu um “dura punição”. Seis dias de suspensão; Ainda em Sorocaba (SP), gangue de alunos provocava agressões e vandalismo nas escolas. São inúmeros os casos similares pelo Brasil afora. Não restam dúvidas: se o aluno de hoje é mais agressivo, o professor perdeu autoridade. Tem receio de impor limites, ser agredido fisicamente. Sua profissão já não tem o reconhecimento profissional de outros tempos. O respeito para com o professor se esgotou, já que também para com os pais é muito fraco. A família se vê incapaz de transferir educação, como a rua, os colegas, a internet. Desfechos trágicos, traumas no psiquismo das vítimas são produtos de uma relação atual aluno-aluno, aluno-professor e aluno-patrimônio da escola. Ser professor, fazer cumprir normas e regras tornou-se tarefa de risco, difícil. Vem a vontade de fugir, de abandonar a profissão. Fazem-lhe companhia o desgosto, o tédio, a depressão. Como na sociedade, a violência na escola é crescente. Pior, sem solução. (Selem Rachid Asmar é doutor em Sociologia pela Universidade de Paris e Diretor–Presidente da Selem Sondagem de Opinião - E-mail: rachidasmar@uol.com.br).
Sou fã dos artigos escritos por Selem Rachid.
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Parabéns professor Selem Rachid Asmar, pela clareza e pertinências do seu artigo. Para mim tem vários fatores para causa da violência dentro da escola e falta de uma administração adequada, muita diretores acham que administra uma escola e o mesmo de administra uma empresa, porque você esta lidando com pessoas e não com financias
ResponderExcluire dentro de um espaço educativo isso não pode acontece, ele tem que ser um gestor e não um administrador.
Joselito Brito
Violencia se alastram por efeito contagio da midia por onde há uma variedade de exemplos.
ResponderExcluirRildo
Selem, a violência tem aumentado nas escolas, sob o reflexo da violência em casa, nas ruas, na mídia, etc..... é isso o que ácredito!
ResponderExcluirMuito oportuno este artigo, desse que é uma das nossas mais expressivas personalidades intelictuais e úteis para a sociedade.
ResponderExcluirSimplesmente, exemplar!!!
Gutemberg Matos
Prezado amigo Val Cabral
ResponderExcluirA violencia nas escolas não vem de hj, porém ela se intensifica e cresce a cada dia. Isto deve-se ao governo que não ajuda totalmente as escolas publicas que deveriam receber uma atenção especial, por causa das crianças carentes, porém essas crianças não tem moradia descente, seus pais não tem um trabalho bom e remunerado para colocar alimento em casa. Essas crianças aprendem desde pequenas a roubar, matar para conseguir dinheiro para ajudarem em casa. Olhe na TV os confrontos da policia com traficantes, moradores pretos, pobres e filhos de prostitutas. Falta de atendimento medico descente, pessoas morrem e outras ficam indgnadas com isso. Familias com 10, 15 filhos sem informação, sem doação gratuita de camisinhas, anticoncepcionais. Tudo isso pode ser algo muito distante mas não é, tudo isto ajuda sim no aumento da violencia nas escolas.
Paulo do Pontalzinho
paupont@bol.com.br
Caro Selem Rachid
ResponderExcluirSabemos que muitas crianças assumem o papel dos adultos, não só pais e familiares, por isso deve-se sempre ter em atenção educar as crianças com cosnciência da vida das pessoas mostrando-lhes a forma correcta a agir e o porquê e não dizer: porque eu mando, porque assim mando, tu só tens que obdecer, por fezes a má explicação ou uma incompleta faz com que nasça na criança uma ideia errada, depois vai para a escola apanha um "mais fraco" uma criança mas timida mais indefesa e coloca nela o papel que vive, ele faz o que esse manda porque ele é o poderoso. Essa ideia de se ser poderoso deveria ser dissimada e todos tratados por iguais quer sejam ricos ou não (mas isso é muito dificil hoje em dia com a sociedade a entupir as crianças de consumos e de erradas ideias e por vezes não atalhando isso em casa é um erro!)
A criança tendo consciência desenvolve-se com uma visão mais ampla para o mundo e para os outros. Também ensina-la a defender-se e é essencial desenvolver na criança a confiança que precisa para se tornar mais preserverante e com menos chances de não se defender de quem o ataca e saber de que é capaz. Mas tudo em doses equilibradas tudo o que é demais estraga!
Hoje em dia a violência mostra-se mais devido ao desenvolvimento dos jovens, a sua educação, a sua personalidade, o meio em que vivem, o meio familiar, o comportamento dos pais face ao filho, os amigos, certos professores, certos adultos....muitos buscam alguém e normalmente é quem se apresenta mais forte então um modelo a seguir. Por isso consciêncializar as crianças, os pais, e todos os docentes já é caminho andado, um passo a mais.
Hà que salientar que as crianças, os jovens estão em formação de personalidade e portanto acções menos correctas devem ser evitadas por parte dos adultos entre si e para com ele.
Walmir Carvalho dos Santos
É culpa de todos.
ResponderExcluirAs crianças são mal educadas pelas famílias e escola que não lhes impõem limites nem cultivam valores ímpares para a vida em sociedade.
Edmilson Marques
Eu penso que reforçar a segurança nas escolas, é de ajuda. Mas não adianta. Para realmente cortar o mal pela raíz, é preciso interferir na base, ou seja, na educação do indivíduo. Mas aí, cabe aos pais essa tarefa.
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