O PORQUINHO, OS PEIXES E OS UNICÓRNIOS - Acredito em Unicórnios tanto quanto acredito no (Ruy) Porquinho. Ou se calhar acredito um bocadinho menos. As coisas que eu sei, que eu vi, tenho tendência a acreditar nelas. São um produto real da minha consciência, e fazem parte da minha vida e do meu estado de alerta seja lá esse estado o que for. Agora, Unicórnios são coisas que eu nunca vi. E no entanto falam-me deles. Existem descrições e existem pessoas que dizem como eles são e retratos deles. Existem representações pelas quais eu posso deduzir na minha mente como seria um Unicórnio como se ele estivesse mesmo à minha frente. A mesma coisa se passa com o (Ruy) Porquinho (COMO VEREADOR). Eu nunca vi o (Ruy) Porquinho, na Câmara (até dizem que ele é um “vereador fantasma”). Existem apenas especulações sobre sua existência, fotografias, desenhos, descrições. Pessoas que dizem que já estiveram com ele e me juram de pés juntos que ele existe e que é assim e assado. O Tadeu do “Quilo a quilo” jura que ele não é fantasma! No entanto, ele nunca se manifestou no meu mundo “real”. Tal como os Unicórnios nunca se manifestaram. Por isso, no plano do que seja a minha consciência e o meu mundo, o (Ruy) Porquinho e os Unicórnios apresentam as mesmas propriedades: são quase que lendas. São coisas que me dizem que existem (ou não), que eu não posso comprovar (que sim ou que não, pelo menos no imediato) e que estão vivas em minhas dúvidas existenciais. No mundo dos meus sonhos, ambas têm o mesmo valor próprio, a mesma capacidade de mexerem com as reações dos meus sentidos, presumindo que os sentidos são ativados nos meus sonhos (e dentro de certos limites são mesmo). No mundo “real”, ambos não têm existência. A existência deles resume-se ao que eu imagino ser uma existência estatística no universo “real” das outras pessoas. E é por esse motivo, e só por esse, que eu posso dizer que acredito um bocadinho mais no (Ruy) Porquinho que nos Unicórnios: porque num plano meramente estatístico, há mais pessoas a garantirem-me que o (Ruy) Porquinho existe no universo “real” delas, que Unicórnios. Será que isso será prova ou critério suficiente para se agüentar? Será que é isso o chamado “bom senso”, uma quantidade confiável de informação, que muita gente acredita e testemunha? O que afinal me garante que algo exista e não seja fantasia? Será que uma espécie de peixe das profundezas do Pacífico que ninguém nunca tenha visto ainda, mas que vamos supor que existe (e, devido única e exclusivamente à experiência passada, acredito que existam algumas), é menos real que um Unicórnio? Na realidade, esse peixe das profundezas do Pacífico, existe no mundo “real”, mas nunca ninguém o viu, porque ainda não foi descoberto, logo a sua existência no plano representativo é nula. Já o Unicórnio tem, ao menos, essa existência representativa. Poderá haver coisas que existam que “sejam menos” que coisas que afinal não existam? E então, sendo assim, o que é existir? O que é acreditar em algo? O que é acreditar que algo existe? Como é que algo existe se ninguém acreditar que existe? E como é que algo em que acreditamos afinal não existe? A minha experiência passada garante-me que o (Ruy) Porquinho existe, que os peixes das profundezas do Pacífico que ainda não foram descobertos existem e que os Unicórnios não existem. No entanto, a minha credulidade ontológica subverte-me esta hierarquia e coloca-me os Unicórnios no mesmo plano de existência do (Ruy) Porquinho e extingue os peixes que ainda não foram descobertos...
A única diferença entre Val (venal) e Rui porqueinho é que val, não comeu cadeia (ainda)...
ResponderExcluirMas pela quantidade de processos que acumulka não demora nada.