A ÉTICA NA COMUNICAÇÃO - O texto abaixo é a integra da dissertação de Val Cabral no Curso de Radialismo promovido pelo Sindicato dos Radialistas de Itabuna: - A questão das relações entre ética e comunicação se transformou na questão número um do debate estadual a partir das denúncias de chantagem e mercantilismo envolvendo o apresentador de televisão “Bocão”.. Este debate tem certamente méritos e é de fundamental importância para a imprensa, mas é marcado por uma visão muito unilateral do fenômeno da mídia. Ele dá a entender que tudo seria maravilhoso se nossos comunicadores possuíssem um conjunto de virtudes que atestassem seu bom caráter do qual dependeriam a lisura dos nossos concidadãos, instituições, governantes e políticos, paz e a ordem social. Perde-se assim uma das intuições fundamentais do pensamento político ocidental desde seus primórdios: o que é decisivo para a ética na comunicação não são simplesmente as virtudes privadas dos jornalistas e radialistas, mas o ordenamento institucional, porque é dele que depende se os cidadãos têm acesso ou não a seus direitos e condicionamentos universais. Por esta razão, a questão da ética na comunicação não pode ser reduzida a um problema específico da esfera individual. Falar de ética na imprensa não significava apenas uma consideração crítica frente às ações privadas dos cidadãos, mas sobretudo da configuração das relações sociais segundo princípios de justiça. A partir desta ótica, falar de ética na comunicação significa, hoje, para nós, compreender que é tarefa do coletivo dos seus profissionais, garantir a participação popular no debate da coisa pública através da criação de mecanismos permanentes de participação direta da população e da constituição de mecanismo profissionais para acompanhar e fiscalizar as atividades e as obras do Estado, as ações da polícia, dos indivíduos, das instituições e da Justiça. Só assim será possível assegurar e ampliar os direitos imparciais à informação e enfrentar a questão básica que nos marca secularmente, a questão da parcialidade dos veículos de comunicação. Isso implicaria uma reversão das prioridades no que diz respeito às regras do Direito Trabalhista de jornalistas e radialistase conceito de propriedade dos meios de comunicação, passando para o primeiro plano as que visam assegurar oportunidades de emprego e salário justo e os meios necessários para uma vida digna entre as quais em nossa situação específica, se vão situar o acesso à liberdade de expressão como também a instabilidade de emprego. Claro que neste contexto é muito importante ter presente de que a corrupção individual e social não começou no atual momento, mas lamentavelmente se transformou num elemento estrutural do exercício do poder e da cultura que nos marca. Por isto, não espanta e nem causa indignação a muitos o fato de que muitos dos nossos profissionais de imprensa não tenham defendido em seus jornais, rádios e televisões, de modo consistente, as reformas e as políticas públicas que tornariam o país menos vulnerável seja à corrupção individual, seja à continuidade de uma configuração injusta da vida coletiva, porque marcada por um conjunto de instituições que sustentam as diferentes formas de exploração e de degradação da vida humana. Para além das virtudes pessoais dos comunicadores, o que realmente pode garantir a ética na comunicação é a existência de instituições sólidas e de mecanismos de conduta transparente, que sejam capazes de garantir os direitos universais do cidadão assim também como a existência de meios de comunicação livres, independentes, e de organismos de controle social que acompanhem a desigualdade social e a anormalidade coletiva. O grande desafio do momento é que, sejamos capazes de ir além de uma crítica moralizante à corrupção pessoal, que facilmente é acompanhada de enorme hipocrisia, e nos empenhemos com seriedade numa crítica cívica às condições e circunstâncias da ética na comunicação.
Ètica! Brincadeira né?!
ResponderExcluirConcordo plenamente com vc Val Cabral!
ResponderExcluirMas são poucos no Brasil que praticam esta regra básica da imprensa.
Val Cabral, sou fã do seu maravilhoso programa... mande um alô pra mim e pra minha filha.
ResponderExcluirO nome da minha filha é Renatinha.
O meu é Regina Cruz.
Bjs