Pode parecer um absurdo o que diz a manchete deste artigo, mas ela revela a mais absoluta e irrefutável desigualdade salarial envolvendo servidores públicos municipais. Muito dificilmente alguém é aprovado em concurso para ser gari, sem que não tenha o segundo grau completo, enquanto para ser vereador o sujeito só precisa saber escrever e ler! É óbvio que gari trabalhar muito mais que vereador, embora seu salário seja o que melhor se pode descrever como sujeira do sistema!
Em Eunápolis, o
salário de um gari pode variar; os mais recentes editais de concurso para a
Prefeitura estabeleceram a remuneração em R$ 1.412,00 (salário mínimo de 2024)
e este trabalhador muito importante para manter a cidade limpa, só tem um dia
na semana para seu merecido descanso. Não há em seu benefício, nenhum litro de
combustível; auxiliares, cafezinho, computador, sala com ar-condicionado,
computador e frigobar.
Já
o valor do subsídio global do vereador, vigorar desde janeiro deste ano, é de
R$ 17.387,00 (Dezessete Mil, Trezentos e oitenta e Sete Reais). O dito cujo
ainda é favorecido com quatro assessores bem remunerados, gabinete bem
climatizado, água, café, computador com impressora e se for aliado do prefeito,
acaba tendo dezenas e parentes e aderentes contemplados com cargos
comissionados na Prefeitura, cuja média salarial é o dobro do que ganha um
gari!
Para
agravar muito mais a disparidade de proventos entre vereador e gari, o
parlamentar só “trabalha” uma hora e meia por semana (é o que dura em média uma
sessão ordinária) e há aqueles que faltam e não tem suas ausências descontadas
em seus salários. Este fato significa, que o vereador só “trabalha” em quatro
dias por mês, ou seis horas por mês. Já o gari trabalha mais de seis horas por
dia e durante seis dias semanais.
Estes
números revelam, que o vereador “trabalhando” apenas seis horas por sessão
ordinária, com regalias, conforto, luxo e custo de mais de 50 mil reais mensais
do duodécimo (mais de um milhão de reais do erário por mês), ganha salário três
vezes maior, que o pago para o pobre do gari por todo o mês em atividades
ininterruptas!
Este despautério está acima do cúmulo do absurdo, por sabermos que gari não pode falar um só dia no trabalho e suas atividades diárias devem ser realizadas sob sol escaldante, ou chuva; com congestão, ou indisposição; com complicações, ou despretensões; com fadiga, ou salário atrasado. Enquanto o vereador (com raríssimas exceções), é o que mais há na cidade de maior mediocridade, inutilidade e “mala sem alça”!
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