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22 de novembro de 2022

DIO, COME TI AMO

Até hoje não entendi o porque eu fui levado com apenas 8 anos de idade, a assistir um filme romântico!

Aprendi a gostar de cinema quando pela primeira vez fui levado ao Cine Marabá em Itabuna e assisti o filme italiano "Dio, come ti amo" e mesmo que eu não estivesse entendendo do que falavam, aquele diálogo adulto conquistou meu coração de criança com apenas 8 aninhos de idade.

Eram outros tempos, eu sonhava em completar 14 anos, porque quase só havia filmes para quem tivesse mais que essa idade, o que me desobrigaria de mentir na portaria, correndo o risco de ser “barrado” (gosto de pensar que pequenos deslizes fazem parte da história de outras pessoas também).

O medo de ser descoberto, apesar de grande, não era maior que o desejo de assistir aos filmes que eu havia conhecido pelo trailer, ouvido falar dele no almoço, ou visto no anúncio nos jornais com cheiro de tinta.

Com o tempo fui descobrindo que havia sinopse em revistas, mais adiante comecei a ler os críticos e assistir aos programas nos telejornais dedicados aos lançamentos cinematográficos e suas curiosidades, dessa forma aprendi a escolher quem ouvir e a ter curiosidade para ir cada vez mais ao cinema.

Assim fui lentamente sendo conquistado para uma relação sólida de “afeto” e de “cumplicidade” com a telona, mas uma novidade tem me preocupado, como estamos todos com vozes públicas por causa da internet, nesse ultra equivocado tradicional conceito de comportamento adequado, suspeito que o cinema possa estar correndo riscos de ser avaliado apressadamente.

Com tanta “informação” disponível, todos viramos críticos e se não soubermos onde encontrar a quem ouvir e dermos crédito para qualquer um, com esse argumento eu não teria me sentido motivado para assistir ao filme.

Cabe a mim fazer a escolha de ir ou não ao cinema, cabe a mim escolher em quem acreditar para indicações. Jamais me sentiria confortável em delegar a um burocrata que assumisse essa função, sem ter a mínima ideia se ele tem pelo cinema a mesma paixão que meu avô teve, que minha mãe teve e que me ensinaram a ter.

Censura nunca foi solução, subverter a ordem e produzir filmes considerados inapropriados não resulta em desajuste para sociedade e sim no treinamento para tolerância e para entender a magia, que é contar uma história com imagens, textos e silêncios.

Para quem como eu, considera o cinema um espaço quase religioso, receio que a imposição de temas pré-escolhidos deixe o mundo mais pobre. "Dio, come ti amo" é um dos imperdíveis clássicos mundiais, lindo, poético, inovador, que bom que pude assistir no escurinho, com glamour e com pipoca.

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